Belo Horizonte recebe Impact Tech e debate estratégias para o desenvolvimento sustentável
Evento contou com representantes do setor empresarial para falar sobre investimento responsável com foco nas micro, pequenas e médias empresas
Representantes do setor empresarial se reuniram em Belo Horizonte, nesta quarta-feira (27), para debaterem estratégias que visam fomentar o desenvolvimento sustentável. Diante da mobilização de fundos de investimento globais por negócios que possuem uma gestão mais responsável, com a previsão em investimento de US﹩ 53 trilhões até 2025, a Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) e os aspectos ESG (ambientais, sociais e de governança) nortearam o evento Impact Tech, realizado pela startup mineira SEALL.
Segundo Gabriela Ferolla, diretora executiva da SEALL, é fundamental entender como os agentes financeiros estão se movimentando e quais são os desafios e oportunidades que os empreendedores precisam ter em mente para conseguirem transicionar para um modelo de negócios responsável. “A pandemia intensificou o mercado e, mais do que nunca, as organizações precisam de apoio para ter atratividade e financiabilidade. Para muitas MPEs, mensurar o impacto econômico e socioambiental está muito distante da realidade”, explica.
Vinicio Stort, diretor de Operações, Riscos e Planejamento do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), trouxe para o debate a visão do BDMG, que é baseada em 2 pilares: o financiamento e os fatores de impacto na sociedade. Portanto, alinhar a missão do Banco com os temas ESG permite que a instituição faça parte da solução. Assim, as empresas precisam estar alinhadas a essa realidade. “Se as pequenas empresas não estiverem alinhadas às práticas ESG, não terão acesso a linhas de crédito e produtos bancários. ESG e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) são um bom negócio, tanto para os parceiros locais, quanto para a mobilização do capital privado. Aplicar em ESG é uma ideia sustentável para o futuro”, disse durante o evento.
Thiago Fernandes, head of Latam ESG do Bank of America, se juntou ao debate e concordou com Stort. “A lógica do sistema financeiro está mudando. Indo além da questão de responsabilidade social, o ESG influencia porque traz ganhos reais. Uma empresa que pensa no social e no ambiental tem maturidade por ter uma visão ampla e, assim, ganha a visibilidade de investidores. ESG não é mais uma possibilidade de participar, é sobre o risco de ficar de fora”.
Adriana Machado, fundadora do Briyah Institute, citou como exemplo o investimento de impacto, que um retorno do investimento, mas possui uma intencionalidade que vai definir como será usada e para onde levará o capital gerado. “Por meio do ESG a sociedade está indo além da filantropia e da responsabilidade social corporativa, agora buscamos lideranças responsáveis. Hoje, já temos US﹩ 715 bilhões de dólares no âmbito do investimento de impacto. Dentro dessa realidade temos a Agenda 2030, que oferece um menu de opções. Está na hora de alinhar negócios com questões maiores e ter o olhar atento desde o risco até a oportunidade.”
Também estiveram presentes Ana Carolina Jarrouge, presidente executiva da SETCESP; Carlo Linkevieius, diretor executivo do Pacto Global (Rede Brasil); Sandile Sokhela, CEO da Crede Capital (África do Sul); Christiano Rohlfs, head de Sustentabilidade Empresarial do Banco Inter; Guilherme Brammer, CEO da Boomera; e Gustavo Guimarães, co-head de Saneamento da Perfin.
O evento teve apoio do Pacto Global (Rede Brasil), SETCESP, Fundamig, Impact Beyound, E-solidar (Portugal) e Human Power Hub (Portugal). Os parceiros estratégicos são o Centro de Liderança Pública (CLP), Crede Capital (África do Sul, Sintetizo, Houer e Órbi Conecta.
SEALL Intelligence Basic
Durante o evento foi lançada a plataforma SEALL Intelligence Basic, que tem como objetivo democratizar o acesso à gestão do impacto socioambiental e econômico. A dificuldade de mensurar o impacto econômico e socioambiental é uma realidade que diversas empresas enfrentam, principalmente as de micro e pequeno porte. Segundo dados da pesquisa “Mapa 2021 de Negócios de Impacto Socioambiental”, 78% das organizações no Brasil reconhecem que não mensuram o seu impacto, e 42% sequer definiram indicadores de impacto para a efetivação de processo. Ao não conseguirem mensurar o impacto, têm dificuldade ou não conseguem acessar recursos, fundos de investimento e linhas de crédito disponíveis que utilizam a Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) e aspectos ESG (ambientais, sociais e de governança) como parâmetros de avaliação e qualificação de projetos e organizações.
Segundo Gabriela Ferolla, diretora executiva SEALL, o produto nasceu ao observar empresas de diferentes portes com dificuldade em mensurar o impacto econômico e socioambiental de forma efetiva e, consequentemente, perdendo oportunidades no mercado.
Como funciona
A jornada oferecida pela plataforma é dividida em 6 passos: mapa de transformação, percepção dos públicos, matriz de materialidade, matriz de indicadores, gestão de impacto e resultados de impacto. Ao final do processo, a organização terá acesso aos dados e resultados, que irão apoiar a gestão e poderão subsidiar a tomada de decisões e estratégia. A partir do dia 27 de outubro estará disponível a funcionalidade gratuita da plataforma, o mapa de transformação, em que as organizações poderão entender como se alinham à Agenda 2030, em um primeiro nível, além de poderem desenvolver o seu modelo lógico de geração de impacto.