Projeto discutirá uso seguro da internet, desafios do território virtual e violências estruturais com alunos do município
A partir de um formato inédito e desafiador, a Prefeitura de Contagem, por meio da Superintendência de Prevenção às Violências e Promoção de Territórios Seguros da Secretaria de Defesa Social, deu início, nesta terça-feira (15/3), ao projeto “Linkados com o Programa Saúde na Escola” que pretende discutir as violências estruturais e o uso seguro da internet, sobretudo na infância e adolescência.
O projeto será desenvolvido em etapas, nos próximos três meses, na Escola Municipal Isabel Nascimento de Mattos, na região do Petrolândia, em parceria com a Patrulha de Proteção Escolar da Guarda Civil e com o Programa Saúde na Escola – PSE.
Na primeira etapa, realizada nesta terça-feira, os responsáveis pela iniciativa tiveram a oportunidade de se reunir com o corpo docente e demais profissionais da unidade para detalhar a proposta, construir um cronograma e solicitar a seleção de alunos, dois por turma, para participar das dinâmicas, oficinas e discussões previstas no projeto.
“Essa etapa é uma das mais estratégicas, pois é importante que os professores, que têm vínculo direto com estudante, estejam integrados com a pauta. Foi um momento de participação mútua, na qual todos puderam opinar, sugerir e compreender o sentido do projeto Linkados”, explicou o diretor de Proteção e Rede da Superintendência de Prevenção às Violências e Promoção de Territórios Seguros/SEDS, Robert Morubixaba de Oliveira.
De acordo com ele, serão promovidas oficinas quinzenais com os estudantes, duas por mês, entre os meses de abril e junho. O formato das oficinas prevê atividades de sensibilização, dinâmicas e exibição de vídeos curtos, utilizando a plataforma SaferNet Brasil, que possui uma linguagem própria para a juventude.
Além das discussões sobre o uso seguro da internet, as oficinas abordarão temas chaves relacionados às violências estruturais (racismo, violência de gênero e promoção de uma cultura de paz). Os estudantes também poderão trazer demandas e sugerir assuntos para serem tratados nas rodas de conversa.
“A cada encontro faremos uma sistematização das informações, e encaminharemos para a equipe pedagógica da escola para que estejam alinhados e possam trabalhar o que foi discutido dentro da sala de aula. Além disso, caso haja uma situação mais delicada no âmbito da proteção e violência, caberá a nós acionarmos o Conselho Tutelar e pensar em projetos educativos que envolvam a Patrulha Escolar”, reiterou o diretor de Proteção e Rede.
Território virtual
A Superintendência de Prevenção às Violências e Promoção de Territórios Seguros, assim como a Patrulha Escolar, têm se esforçado para identificar territórios nas regiões de Contagem, que apresentam sintomas de insegurança. Entre os vários territórios que compõem o município, existe um que também tem sido palco de violências e causadores de alguns distúrbios no campo da saúde, como a depressão, a automutilação, entre outros: o território virtual.
Conforme pesquisas da SaferNet Brasil, existem sites, pessoas e redes criminosas que podem enganar, seduzir ou induzir crianças e adolescentes a acessar conteúdos inadequados, como pornografia, incluindo a infantojuvenil. Elas podem ser encorajadas a enviar fotos e informações pessoais com propósitos duvidosos.
Há, ainda, os sites que estimulam a violência e o preconceito, divulgando mensagens de racismo, intolerância e ódio e, de um modo geral, espalhando imagens e informações inadequadas para determinadas faixas etárias.
“Esse território pede, com urgência, a intervenção das instituições para a proteção do público, principalmente, adolescentes e jovens, pois sabemos que as violências estruturais e violações são reproduzidas nesse ambiente”, destacou a gerente da Patrulha Escolar, Renata Nunes.
Segundo ela, a guarnição é acionada para atender brigas entre os alunos que, na maioria dos casos, se iniciou no ambiente virtual devido à exposição da imagem. Há muitas situações em que os alunos são assediados por meio das redes sociais, sofrem cyberbullying, entre outras violações. Portanto, colocar em prática esse projeto é fundamental do ponto de vista da prevenção, que influenciará na segurança pública”, destacou.
A expectativa é que o Projeto “Linkados com o Programa Saúde na Escola”, que se configura, atualmente, como uma experiência piloto e inédita no município, possa ser desenvolvido em outras unidades educacionais, especialmente aquelas em que há indicadores de violência e sintomas de insegurança.
