DA SERIE EU SUPER INDICO: Psychotic Apes

DA SERIE EU SUPER INDICO: Psychotic Apes

Por Paty Prod

Psychotic Apes é uma banda de rock brasileira com influências de grunge, metal, hard rock, punk e música regional. Formada em Natal, no ano de 2019, pelo guitarrista pernambucano Ramiro Barros e o vocalista potiguar Alax Bezerra.

Relata Ramiro.:

“Há um tempo pairava na minha cabeça um material que se inclinava fortemente para uma sonoridade mais grungie. Foi quando minha esposa mostrou um vídeo de um amigo (Alax) cantando uma música do Nirvana e eu pensei ‘esse cara é perfeito!’. Fomos apresentados e, assim, tudo começou.”

Nome da banda

Sobre a escolha do nome, Alax comentou:

“Sou biólogo de formação e, à época da composição das primeiras músicas, lembrei de um livro que li na época da graduação, chamado ‘Eu Primata’, de Frans de Waal, que compara o comportamento dos seres humanos com o dos demais simios. A conclusão a que o autor chega é de que o modo de agir dos humanos e seus primos é muito semelhante e as motivações por trás das decisões de ambos são basicamente as mesmas. Daí, sugeri que a palavra ‘Apes’, de algum modo, deveria constar no nome da banda, uma vez que exatamente sobre essas motivações que a maioria de nossas músicas trata.”

Ramiro prossegue:

A ideia é que, por trás de todo o aparato racional, somos, na essência, animais, e nosso comportamento é, na verdade, pautado pelos mesmos instintos básicos que foram moldados pela seleção natural, da mesma forma que ocorre com as outras espécies. A pretensa ‘racionalidade’, por assim dizer, não passa de uma ilusão e serve para nos sentirmos uma espécie superior, o que, definitivamente, não somos. Essa ilusão que criamos é um traço de nossa psicose coletiva e é isso que realmente nos diferencia dos demais primatas. No âmago, somos todos macacos psicóticos.”

 

Primeiros trabalhos

A dupla iniciu as composições e gravações do que viria a ser o primeiro álbum da banda em junho da quele ano, no Orimar Studio (como foi batizado o home studio de Ramiro).

A primeira música trabalhada foi The Shadow Inside.

Sobre ela, diz o guitarrista/compsitor:

 “Estava fazendo uma jam com meu velho amigo e ex-parceiro de Dyluvian, Gustavo Aragão, na sua casa, em Montreal, e, enquanto ele ainda regulava seu equipamento, o riff principal da música brotou na minha guitarra. No mesmo instante nos entreolhamos e dissemos ‘Uau, isso promete!’. De fato, essa é minha faixa favorita do álbum e acabamos convidando Manteiga pra gravar um solo nela, que ficou absolutamente destruidor.”

 

Formação

Com as gravações do primeiro álbum já bem adiantadas, o passo seguinte era formar uma banda para executar o material ao vivo.

 

Alax já era amigo de Tadeu Marinho, que havia tocado guitarra numa banda de covers noventistas (Kazaa). Ao ouvir algumas músicas ele aceitou de imediato o convite. O baixo ficou a cargo de Miguel Dorcino, colega de Alax do curso de biologia e com quem já havia tocado num evento da universidade. Faltava apenas o baterista. A posição acabou ocupada por Júlio Filho, por indicação de Miguel, com quem já tocara em várias outras bandas.

 

Primeiro Single

Wheel of Fortune foi o primeiro single lançado pela banda, em 09 de janeiro de 2021, como aperitivo para o álbum que viria em seguida.

A letra é uma tradução livre do poema medieval O Fortuna, usado pelo compositor alemão Carl Orff (1895-1982) no primeiro movimento de sua obra prima, Carmina Burana (1937).

1100

O texto original, escrito em latim entre os anos de 1100 e 1200, descreve roda (timão) da deusa romana Fortuna, que, de forma análoga à própria vida, a gira aleatoriamente, mudando assim a sorte dos deuses e homens, que não podem fugir de seu destino.

 

Clipe de Inside the Shadow

 Para o primeiro clipe, que serviria como vitrine do trabalho da banda, foi escolhida a faixa Inside the Shadow.

Essa canção representa muito bem a proposta musical do Psychotic Apes. Numa única música, fundem-se capoeira, blues/country, maracatu, grunge e heavy metal.

A letra, influenciada pela psicologia analítica de Carl Jung, trata da situação extrema em que a sombra assume o controle do indivíduo, tolhendo sua capacidade de conduzir a própria vida e o levando ao caminho da autodestruição. Como o título sugere, repete-se temática da música The Shadow Inside, porém, enquanto em Inside the Shadow a narrativa segue o ponto de vista do indivíduo, em The Shadow Inside o quadro é apresentado sob a perspectiva da própria sombra.

O cineasta Ayrthon Medeiros, velho amigo de Alax, assumiu a direção e as filmagens ocorreram entre outubro e dezembro de 2020, nos pinheiros da Via-Costeira e num galpão alugado no centro da cidade.

Inicialmente, a banda queria levar um grupo inteiro de maracatu ao set, o que se mostrou inviável. Optou-se, então, apenas por utilizar o núcleo da percussão, constante de duas alfaias, tocadas por Alessandro Risada e Rafael Franzon (atual baterista da banda); um agbê, executado por Rafael Dionísio; e um agogô, por Júlia Karine.

A maior atração do clipe, contudo, é a presença do grupo de capoeira Capoeira Brasil. A sugestão veio de uma das integrantes do grupo, Heather Dea Jeans, que havia sido professora de Ramiro no curso de música da UFRN. Como a faixa se inicia com um toque de berimbau, a ideia caiu como uma luva.

A título de curiosidade, o berimbau foi tocado pelo mundialmente conhecido neurocientista Sidarta Ribeiro, que é também capoeirista e membro do Capoeira Brasil.

Outra curiosidade é que a banda aproveitou o dia de filmagem no galpão para gravar também o clipe da balada acústica Lovely Dirty Words. Esse vídeo foi ao ar posteriormente, em 25 de junho de 2021.

Primeiro álbum

O primeiro álbum, homônimo, gravado inteiramente na casa do guitarrista Ramiro Barros e por ele mixado e produzido, foi co-mixado e masterizado por Gustavo Aragão, em Sainte-Catherine, Quebec, Canadá.

Lançado de forma independente nas plataformas de streaming, em 28 de maio de 2021, o álbun conta com oito faixas e teve uma boa repercussão na imprensa especializada internacional, recebendo comentários positivos da crítica.

A francesa, Blastphème Webzine publicou:

“Sur cet extrait, vous pourrez constater que le mélange d’instruments ‘habituels’ de musique rock avec des instruments plus ‘atypiques’ est plutôt réussi”

O crítico de música Hal C. F. Astell escreveu para o site americano Apocalypse Later:

“Here’s a really interesting album, because it was made from a new band from Brazil who don’t have a particularly wide presence on the web (…) The vocals are harsh and raspy but soft too, while the bass rumbles, as if these Brazilians are really a Seattle band in the early nineties trying something unusual to delineate themselves from all the other Seattle bands in the early nineties.”

Outra página americana, The Viking in the Wilderness, pontuou a diversidade estética do álbum:

“Slow, groove-laden and sludgy grunge appears to be something of a backbone, but they venture out in alternative rock territories as well as visiting NWOBHM landscapes – and aren’t afraid to toss in the occasional psychedelic touch either.”

A venezuelana Ruleburn publicou:

“Después de un largo trabajo, los chicos de Psychotic Apes estrenaron su primer álbum, temas como Inside the Shadow o Lovely Dirty Words se hacen vibrar mientras fusionan el metal con el punk agregándole elementosmusicales de la zona convertiéndolos en una banda com ur excelente futuro y proyección musical.”

 EP Lifetime e clipe de Lighthouse

 

No início de 2021, o baterista Júlio Filho, que é capitão do exército, não pôde mais continuar nas atividades da banda devido a sua transferência para a cidade do Rio de Janeiro. Foi, então, substituído por Rafael Franzon, amigo de longa data de Tadeu.

Ainda no final de 2020, beneficiada por um edital da Lei Aldir Blanc de incentivo à cultura, a banda foi contemplada com a gravação de um EP de quatro faixas e a filmagem de um novo vídeo clipe.

Entre abril e maio de 2021, o Psychotic Apes compareceu ao Estúdio Megafone, em Natal, para gravar o EP Lifetime, que teve produção de Eduardo Pinheiro e o apoio técnico de Ricardo Félix.

Participaram das gravações, como convidados, o vocalista pernambucano Carlos Sun (Sleeping Sun, ex-Dyluvian), na faixa Lifetime; o violoncelista Allis Spinoza, em Lighthouse e Moderno Primata; e o flautista Jane Eire, em Moderno Primata.

Para o clipe da música Lighthouse, Ayrton Medeiros retornou, dessa vez em parceria com a produtora Nave Noar e a direção do cineasta Thales Victor. As filmagens ocorreram em dois dias: o primeiro no estúdio Peron Filmes e, o segundo, no farol da  exuberante praia de Baía Formosa, a cerca de 100km de Natal.

Ambos, EP e clipe, foram lançados em 25 de setembro de 2021.

 

Projetos em andamento

 Ainda em setembro de 2021, a banda passou por mais uma mudança em sua formação.

O baixista Miguel precisou sair para se dedicar integralmente à carreira acadêmica. Para o posto, foi escolhido Patrick Sena, músico experiente, com formação em contrabaixo acústico e integrante da Orquestra Filarmônica da UFRN e da Orquestra Sinfônica do Estado do Rio Grande do Norte.

Com a gradual flexibilização das atividades por causa do abrandamento da pandemia de Covid-19, a banda estreiou no palco do Festival Garagem de Rua, parte do circuito cultural Natal em Natal, promovido pelo prefeitura,  em novembro de 2021. Participou também do lineup da Primeira Brigada do Rock Fest e do Carnarock 2022, ambos no Wesley’s Bar, em Natal.

Para o segundo semestre está sendo organizada uma mini turnê pelos estados do Nordeste e o lançamento do segundo álbum, que contará com as quatro faixas do EP Lifetime (com uma nova mixagem e masterização) e mais quatro músicas inéditas.

 

 

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