UNESCO propõe pacto para transformar a educação
O relatório “Reimaginar nossos futuros juntos — um novo contrato social para a educação”, publicado em português e em espanhol pela Fundação SM, destaca como o compromisso coletivo pode promover na educação a equidade, a justiça e o acesso de todos
São Paulo, 28 de abril de 2022 – A pandemia provocada pelo novo coronavírus acentuou as desigualdades em todo o mundo. A crise provocou a maior interrupção do sistema educacional de toda a história, impactando 1,6 bilhão de estudantes. No Brasil, mais de 5,1 milhões de crianças e adolescentes ficaram distantes das salas de aula.
Diante desse cenário, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) propõe um novo contrato social para a educação. A entidade convoca governos, instituições, organizações e cidadãos a se comprometer com mudanças estruturais que transformem o futuro da educação, visando a uma sociedade pacífica, justa, sustentável, inclusiva e humanista, que prepare crianças, jovens e adultos para atuar de forma colaborativa, como cidadãos globais, para enfrentar de maneira consciente as crises que colocam em risco a preservação do planeta e da humanidade.
O relatório “Reimaginar nossos futuros juntos — um novo contrato social para a educação” surge após dois anos de trabalho da Comissão Internacional Sobre os Futuros da Educação, envolvendo especialistas de todos os continentes e que consultou mais de 1 milhão de pessoas para levantar respostas para três perguntas: o que devemos continuar fazendo? O que devemos deixar de fazer? O que devemos reinventar criativamente? A versão em português desse relatório é lançada no Dia Mundial da Educação, 28 de abril, em parceria com a Fundação SM, responsável pela impressão e distribuição do documento em português e também em espanhol.
“Hoje, data em que celebramos o Dia da Educação, o objetivo é fazer com que o direito humano à educação seja respeitado e atue como alicerce e motor do desenvolvimento sustentável, ao mesmo tempo em que se valoriza o seu papel na construção de sociedades mais justas, resilientes e democráticas. É esse novo contrato social para a educação proposto pelo relatório que nos permitirá moldar o futuro que queremos, rompendo o ciclo intergeracional da pobreza e promovendo um horizonte seguro para a humanidade e para o planeta. Com oportunidades de aprendizagem para todos, teremos um mundo mais justo e inclusivo, cumprindo o desejo expresso pelas Nações Unidas em sua Agenda 2030, de não deixar ninguém para trás”, destaca Marlova Noleto, Diretora e Representante da UNESCO no Brasil.
“A equidade educacional está em nossa razão de existir e buscamos, em todos os nossos projetos, promover uma educação para a cidadania global que seja pautada na ética do cuidado. Por essa razão, para a Fundação SM é uma grande honra somar esforços com a UNESCO em um projeto dessa grandeza que visa que seja assegurado a todas as crianças e jovens uma educação de qualidade que lhes possibilite desenvolver as competências, valores e atitudes para compreender o mundo, habitá-lo e contribuir com a solução dos desafios do planeta, com humanidade, justiça e pacificamente”, afirma Mayte Ortiz, diretora da Fundação SM.
O poder transformador da educação
A proposta do relatório é convidar para uma reflexão sobre a educação que queremos em 2050. Cinco eixos que formam a base que sustenta a educação fazem parte do debate:
Pedagogia: deve ser organizada em torno dos princípios da cooperação, colaboração e solidariedade, promovendo o trabalho em equipe e com empatia entre os estudantes — e não com foco no desempenho individual e instigar a competitividade.
Currículo: deve promover a interdisciplinaridade, conectando as áreas de conhecimento, além de mostrar aplicações no mundo real, que também valorizem a aprendizagem ecológica e intercultural. Apoiar os estudantes no acesso e produção do conhecimento, dando suporte para que desenvolvam capacidade crítica, que lhes possibilite diferenciar informações falsas das verdadeiras e consequentemente combater a desinformação.
Professores: é preciso reconhecer o trabalho dos educadores e, principalmente, criar condições para que se envolvam em pesquisas e produção de conhecimento, com liberdade e autonomia. O professor é essencial no processo de transformação da educação e deve ocupar uma posição central nos debates sobre os futuros da educação.
Escola: deve ser entendida como um local de segurança para os alunos. Ela promove a equidade, o bem-estar e a inclusão. É preciso rever e transformar sua infraestrutura, criando ambientes diversificados e ambivalentes, que permitam a ocupação por professores e estudantes em atividades interdisciplinares em grupo.
Aprendizagem: deve ser vista como um processo que ocorre em todas as áreas e etapas da vida, não apenas no contexto escolar.
Chamada para ação
A transformação proposta no relatório será resultado de uma soma de iniciativas individuais e coletivas promovidas em escolas, coletivos, nas comunidades, nas secretarias municipais e estaduais e em órgãos de esfera nacional e internacionais.
O objetivo do relatório é munir de informação todos aqueles que estão envolvidos com a educação. O trabalho em rede e em cooperação será imprescindível para que as recomendações sejam realmente colocadas em prática, entrando na agenda pública dos governos locais.
Nesse sentido, as universidades e demais instituições de ensino superior têm um papel primordial. O relatório recomenda que elas devem estar ativamente envolvidas em todos os aspectos desse novo contrato, de modo a possibilitar apoio à pesquisa e incentivo à ciência, parcerias com outras instituições e programas educacionais nas comunidades.
A cooperação da UNESCO com a Fundação SM prevê que a última promova a difusão e a aplicação das recomendações propostas no relatório, mobilizando educadores e especialistas nos dez países ibero-americanos onde está presente, acompanhando as instituições de ensino tanto no diagnóstico como também na implementação dessas mudanças educacionais.
Acesse o Relatório “Reimaginar nossos futuros juntos: Um novo contrato social para a educação”
Relatório na íntegra: Clique Aqui