Comunidade dos Arturos celebram, a partir desta sexta-feira (6/5), a Festa da Abolição
Por João Cavalcanti
Após dois anos suspensa, devido à pandemia de Covid-19, a Festa da Abolição, realizada pela comunidade quilombola dos Arturos, retorna ao calendário da cidade e volta a ser celebrada, sem restrições, a partir desta sexta-feira (6/5). A cerimônia tem início às 18h, na comunidade localizada na rua Capelinha, 50, bairro Jardim Vera Cruz, em Contagem, e termina às 21h do domingo.
No sábado, também às 18h, está previsto o levantamento dos mastros na Casa de Cultura Nair Mendes Moreira, Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário e Comunidade dos Arturos. Já no domingo, a celebração inicia às 4h, com a Festa da Matina, e vai até às 21h, com o descimento das bandeiras e encerramento da festa.
A festa da abolição compõe o calendário anual de atividades da comunidade e é permeada pelo culto à Nossa Senhora do Rosário. Na tradição do Congado, a festa é marcada pela referência à abolição da escravatura no Brasil e inclui, além dos cortejos, o desfile dos congadeiros, cumprimento de promessas, encontro de grupos de congados e procissões. Assim, a cerimônia é marcada por fé, orações, memórias e homenagens aos que já se foram.
Para a secretária de Cultura de Contagem, Monique Pacheco, que estará presente à cerimônia, “a cidade tem muito a aprender com os Arturos, pois eles dizem muito sobre nossas origens, são um povo que tem uma memória a ser cuidada, tradições a serem mantidas. Eles carregam e simbolizam muito a nossa cidade”, destacou.
No ano passado, a comunidade perdeu seu patriarca, Mário Brás da Luz, conhecido como Seu Mário, vítima da Covid-19. Ele era o último filho vivo de Artur Camilo Silvério, fundador da Comunidade Quilombola dos Arturos.
José Bonifácio da Luz, capitão mor e, hoje, patriarca da Comunidade dos Arturos, também conhecido por “Zé Bengala”, lembrou a importância da celebração: “Eles (antepassados) deixaram para nós que mesmo se morressem no dia da festa, era para continuar tocando o tambor”. Ele contou, ainda, que a cerimônia não é uma festa, mas uma tradição e um momento de recordações, para que nunca seja esquecido de onde vieram e o que representam.
Em 2014, os Arturos foram reconhecidos como patrimônio imaterial do Estado de Minas Gerais.
Festa da Abolição – Programação
06 de maio – sexta-feira
18h Realização do Ritual do Candombe.
07 de maio – sábado
18h Levantamento dos Mastros na Casa da Cultura Nair Mendes Moreira, Igreja Matriz de N. Sra. do Rosário e Comunidade dos Arturos.
08 de maio – domingo
04h Festa da Matina na comunidade
07h Concentração das Guardas de Congo e Moçambique dos Arturos e Cortejo das Guardas até a Igreja do Rosário.
08h Concentração dos(as) intérpretes dos escravizados e escravizadas na Casa da Cultura e cortejo até a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário.
09h Encontro com os grupos de congados visitantes na praça da Igreja do Rosário.
10h Encenação e reflexão sobre a Abolição, na Igreja do Rosário.
11h Celebração da Missa Conga na Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário.
12h Desfile dos congadeiros até a Comunidade dos Arturos.
13h Almoço
14h Cumprimento de promessas.
18h Procissão de São Benedito, Santa Efigênia e Nossa Senhora do Rosário.
19h Despedida dos grupos de congados visitantes.
21h Descimento das bandeiras e encerramento da Festa.