Mercado Central: 33 anos de identificação com a cidade de Contagem

Mercado Central: 33 anos de identificação com a cidade de Contagem

Por João Cavalcanti

O Mercado Central de Contagem comemora 33 anos na próxima semana. Recheado de histórias, o local é fruto de um projeto iniciado em 1982, pela empresa Irmãos Diniz Ltda. Internamente, a relação de comerciantes com o espaço e com a cidade, além de produtos e histórias fazem com que o local não seja apenas um lugar de comércio.

Inaugurado em 13 de maio de 1989 para abrigar um centro popular de compras, que funciona como um espelho da cultura mineira e, de modo particular, dos costumes de Contagem, o mercado está localizado em um ponto estratégico do município, num terreno de mais de 19 mil metros quadrados, entre os bairros Eldorado, Inconfidentes e Riacho das Pedras. Um terreno onde havia um campo de futebol, no qual times como o Frigodiniz, Colorado e Internacional jogaram diversas partidas.

O condomínio comercial tem, hoje, 226 lojas que abrigam os mais diversificados gêneros, tais como: alimentícios, suplementação, produtos artesanais, orgânicos, hortifrutigranjeiros, açougue, peixaria, pet, salão de beleza, festa, embalagens, imobiliária, correios, ervas medicinais, padaria, produtos de decoração, brinquedos, acessórios para eletrônicos, loteria, roupas e calçados, farmácia, floricultura, restaurantes, bares, lanchonetes, consultório odontológico, além de novas atrações que se inauguram com frequência.

Capela

O Mercado Central de Contagem possui, ainda, em suas dependências uma capela dedicada a São Judas Tadeu (padroeiro do espaço), o Santo das Causas Urgentes. Construída no início dos anos 2000 com recursos provenientes de doações de lojistas, a Capela foi reconhecida, oficialmente, pela Arquidiocese Metropolitana, em 2005, como oratório particular e nela são realizadas missas todos o dia 28 de cada mês.

Memórias

Presente desde a inauguração, Amilton José da Silva comanda, junto à esposa, Maria de Lourdes, e à cunhada, Laura, uma lanchonete chamada Grão Fino. De acordo com ele, ter um negócio ali, anos atrás, foi visto como uma grande oportunidade. “Vi um local que poderia investir e, então, compramos um box. À medida que os anos se passaram, a nossa condição foi melhorando e adquirimos outras unidades. Hoje possuímos quatro, todas na área da alimentação, com algumas variações, como leites e queijos”, destacou. “Nesse tempo todo, várias foram as personalidades que vieram aqui, conheceram e consumiram nossos produtos, como vereadores, prefeitos, ex-prefeitos e empresários”, completou.

Um personagem do mercado é Antônio Djalma Xavier Porto, conhecido por Cariri, proprietário do empório que leva seu nome e que, atualmente, é conduzido por sua filha, Carla Ferraz. Ela lembra que seu pai esteve presente ao comércio por 31 anos, se afastando, nos últimos dois, por causa da idade e também devido à pandemia: “Hoje ele está com 91 anos, mas sempre foi muito procurado por aqui. Com muita empatia sempre recebeu bem os clientes e fazia questão de confraternizar com eles”. Entre os produtos vendidos estão cachaças das mais variadas marcas, cervejas, carne, carvão, temperos e produtos variados. Também funciona como bar, podendo o público consumir os produtos sentados no próprio estabelecimento.

Outro empreendimento que está desde o início é o empório J. Almeida, de propriedade do senhor José Matos de Almeida e de sua esposa, Ivanete, gerenciado pelos seus filhos Deivisson e Graziele, ambos com mais de 25 anos de trabalho no local. “Meu pai era aposentado e acabou comprando um box no mercado. Na época, só podiam vender frutas, verduras e legumes”, contou Deivisson. “Mas seis meses depois ele foi pioneiro em buscar a diversidade de produtos no mercado, propondo algo novo. Passamos a ter, então, uma pequena mercearia e outros boxes também passaram a vender itens diferentes. Hoje comercializamos queijos, doces, frutas secas e outros produtos. Fazemos isso através do atendimento pessoal e pelo nosso Instagram”, continuou. Por fim, contou que a pandemia acabou fazendo com que a venda virtual fosse intensificada. “Passamos dificuldades com o fechamento do local e tivemos que nos adaptar à nova realidade. Já fazíamos a venda por entrega, mas tivemos que aprimorar isso. Hoje, muitas pessoas se acostumaram com essa nova realidade e só compram de forma virtual”, relatou.

Síndico do mercado, o comerciante Dirceu Aparecido da Costa tem que se desdobrar entre a administração do empreendimento e o condomínio. “Estou no quarto mandato, administrando a loja e também com as necessidades de todo o local. Precisamos lidar com a parte financeira, funcionários e com situações pontuais que, por ventura, acontecem. Junto a isso, também temos que tocar o negócio, que é nossa fonte de renda”, disse ele, que há 18 anos está no Mercado Central.

Atualmente, contou ele, outros familiares também trabalham em outros comércios. “Somos em cinco. Isso mostra que o mercado foi um divisor de águas para minha família. Antes eu tinha um açougue no Eldorado e não conseguia retorno financeiro. No mercado não apenas melhorei minha situação, como outros membros da família também vieram e se estabilizaram por aqui”, relatou.

Há 15 anos no Mercado Central, Maria José Nicomedis recordou de quando iniciou seu empreendimento. “São 15 anos nessa loja de antiguidades. Aqui são vendidos discos de vinil, aparelhos de som, bolsas e outros produtos”, ressaltou. “Quando viemos para cá foi para mexer só com vinil e revistas. Com a medida do tempo, fomos adicionando outros itens. Vim junto com meu irmão, Devanil, que tem uma loja ao lado, de livros. São mais de 30 mil livros, além de aparelhos de som e vídeo games”, completou.

Mais recentemente, Nilson de Oxossi abriu sua segunda loja no mercado, também de artigos religiosos. “A primeira loja foi aberta em 2002 e a segunda, em 2019. São vendidos artigos para diversas religiões, como para católicos, evangélicos e umbanda”, elencou.

O Mercado Central de Contagem está localizado na rua Humberto de Môro, 391, bairro Inconfidentes, na Regional Riacho.

Foto: Janine Moraes