Fertilizante de lodo de esgoto é uma fonte tão eficiente quanto o adubo mineral, diz estudo

Fertilizante de lodo de esgoto é uma fonte tão eficiente quanto o adubo mineral, diz estudo

A pesquisa tem o propósito de avaliar a eficácia agronômica e os impactos sobre a qualidade do solo causada pelo uso de organomineral produzido a partir do lodo de esgoto sanitário

 

Resultados preliminares de pesquisa que está sendo realizada pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ/USP) indicam que fertilizante organomineral produzido a partir de lodo de esgoto (FOM-LE) é uma alternativa ambientalmente segura e tão eficiente quanto os adubos minerais para a nutrição vegetal. Além disso, pode representar economia ao produtor rural, ao permitir a reciclagem de nutrientes e matéria orgânica em áreas agrícolas. Ainda, evidências indicam que o uso de FOM-LE tem potencial para substituir total ou parcialmente fertilizantes minerais em áreas de Cerrado e proporcionar benefícios na qualidade dos solos.
O projeto conta com a orientação e supervisão da professora Dra. Jussara Borges Regitano, do Departamento de Ciência do Solo da ESALQ/USP. Também participam os doutorandos Mayra Maniero Rodrigues e Thomás dos Santos Trentin, do Programa de pós-graduação em Solos e Nutrição de Plantas, bem como o graduando em engenharia agronômica Lucas Pacheco de Carvalho Oliveira. Além disso, há parceria e colaboração do professor Dr. Thiago Assis Rodrigues Nogueira, docente vinculado à UNESP/Ilha Solteira, e com a atuação do grupo GENAFERT, representado pelos alunos Isabella Silva Cattanio, Guilherme Nunes Carvalho Ramos e Pedro Henrique Silva, graduandos do curso de engenharia agronômica e alunos de iniciação científica. O trabalho tem o apoio da Tera Nutrição Vegetal, linha de adubos orgânicos fabricados com lodo de esgoto e outros resíduos sólidos orgânicos por meio da compostagem termofílica em escala industrial.
O estudo, que se encontra no segundo ano da pesquisa de campo, realiza-se na Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão da UNESP, no município de Selvíria-MS, abrangendo o cultivo sucessivo de soja e milho safrinha, em sistema de plantio direto. Para isso, estão sendo testadas diferentes formas físicas do adubo (farelada, peletizada e granulada) e doses (70% e 100%, considerando a adubação mineral baseada em P2O5) de um FOM-LE cuja formulação é 4-8-8, comparado à fertilização estritamente mineral, aquilatando-se sua eficiência agronômica, a fertilidade do solo, os teores de nutrientes nas plantas, o efeito residual, presença de metais pesados e o impacto sobre indicadores biológicos de qualidade do solo.

 

Na primeira semana de abril, realizou-se a colheita da soja na área, bem como a amostragem de solo e coleta de material vegetal. Na sequência, as análises químicas (determinação de macro, micronutrientes e metais pesados em solo e planta) e biológicas (bioindicadores de qualidade do solo) foram realizadas na ESALQ/USP, em Piracicaba-SP. “Os dados obtidos nesta etapa do estudo estão, atualmente, sendo processados estatisticamente para posterior interpretação e discussão dos novos achados”, aponta Mayra Rodrigues.

 

Segundo a doutoranda, o plantio do milho safrinha foi realizado em maio, seguindo todas as recomendações oficiais para a região. As próximas fases consistem na coleta e análise química da folha diagnose, para análise do estado nutricional da cultura. Os pesquisadores esperam que a colheita seja efetuada em meados de setembro.

 

“A expectativa é de que o estudo contribua para o incentivo e aprimoramento de políticas públicas que permitam alinhar a ampliação dos serviços de tratamento e reaproveitamento do lodo de esgoto na produção desse tipo de fertilizante”, explica Fernando Carvalho Oliveira, engenheiro agrônomo e responsável técnico pelos fertilizantes da Tera Nutrição Vegetal. Oliveira também participa do andamento do estudo fornecendo apoio técnico.

 

A utilização de lodos oriundos do tratamento biológico de efluentes urbanos e industriais para a fabricação de adubos permite a reciclagem de nutrientes e matéria orgânica, redução de custos sobre a destinação de lodo em aterros sanitários, facilidade de transporte e distribuição a campo, além de taxas menores de aplicação. “Esses fatores proporcionam a viabilidade econômica e a ampliação da adesão de produtores rurais ao uso de fertilizantes orgânicos”, conclui o engenheiro agrônomo.

 

Sobre a Tera Nutrição Vegetal
Os adubos orgânicos da Tera são um exemplo perfeito de economia circular. Têm origem em resíduos processados na Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) de Jundiaí. Antes indesejados e muitas vezes destinados a aterros sanitários, esses materiais são transformados em fertilizantes, retornando ao ciclo produtivo.

 

Conforme critérios contidos na Instrução Normativa 61/2020 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, os fertilizantes orgânicos compostos da Tera Nutrição Vegetal têm sua qualidade reconhecida pelas autoridades competentes. São autorizados para uso irrestrito na agricultura. Atendem, ainda, aos rigorosos critérios de excelência e segurança atestados com o selo IBD de “Qualidade Certificada”.