Zé: filme de Rafael Conde, da EBA, conta trajetória de estudante da UFMG morto pela ditadura

Zé: filme de Rafael Conde, da EBA, conta trajetória de estudante da UFMG morto pela ditadura

José Carlos da Mata Machado morreu em 1976; obra terá pré-estreia em Belo Horizonte, na próxima terça, 26 de setembro

José Carlos da Mata Machado, nascido no Rio de Janeiro em 1946, ingressou na Faculdade de Direito da UFMG em 1964, o ano em que foi dado o golpe que instaurou a ditadura no Brasil. Quatro anos depois, foi detido durante congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), em São Paulo, e condenado a oito meses de prisão. Entrou na clandestinidade, voltou a ser preso em 1972, acusado de subversão, e, no ano seguinte, após ser torturado, morreu, aos 27 anos, em instalação do regime no Recife.

Parte da trajetória de José Carlos é contada no filme Zé, de Rafael Conde, professor, hoje aposentado, da Escola de Belas Artes da UFMG. A obra será exibida em pré-estreia, na terça-feira, dia 26 de setembro, em Belo Horizonte, durante o festival CineBH.

O roteiro de Rafael Conde e Anna Flávia Dias toma como ponto de partida o livro José Carlos Novais da Mata Machado, uma Reportagem, do pernambucano Samarone Filho, e se baseia também na correspondência entre José Carlos e o pai, o jurista Edgar de Godói da Mata Machado, que foi professor da UFMG e teve sua cátedra cassada em 1968.

Conde revela que a obra começou a ser gestada ainda nos anos 2000, mas na época ele obteve recursos apenas para a elaboração do roteiro. Só bem recentemente conseguiu, por meio de edital, a verba para rodar o filme, depois de muitas versões do roteiro. “O livro do Samarone me foi apresentado por amigos, e eu conhecia a história do José Carlos de conversas na cidade ao longo dos anos. E, claro, meu interesse pelo tema tem a ver também com minha própria trajetória, antes como estudante e depois como professor e cineclubista, sempre muito próximo dos movimentos estudantis”, relata o diretor.

 

Curtas e longas

 

Com produção de Samantha Capdeville, fotografia de Luís Abramo e direção de arte de Oswaldo Lioi, Zé tem no elenco, entre outros, Caio Horowicz, que faz o papel principal, Eduarda Fernandes, Samantha Jones, Rafael Protzner e Yara de Novaes.

 

Rafael Conde, que ainda atua na pós-graduação em Artes da UFMG, é mestre em Artes/Cinema pela USP e doutor em Artes Cênicas pela UniRio, com bolsa-sanduíche na New York University. Fez estudos de pós-doutorado na Escola de Comunicação e Artes da USP. Coordenou o Cine Humberto Mauro e o setor de cinema da Fundação Clóvis Salgado, em Belo Horizonte, e dirigiu o projeto Experimentos cênicos, com o Grupo Galpão. Em 2019, lançou o livro O ator e a câmera: investigações sobre o encontro no jogo do filme.

 

Dirigiu curtas e longas-metragens, entre obras de ficção, como Fronteira (2008) e Rua da Amargura (2003), e documentários como A verdade no olhar do ator que mente (2016) e O suposto filme (2021). Foi premiado em festivais como os de Brasília e Gramado e teve seus filmes exibidos em festivais importantes no Rio de Janeiro, em São Paulo, Nova York, Rotterdã e Havana, entre outros.

 

Zé será exibido na terça, 26, às 20h, em sessão de abertura do festival CineBH, no Cine Theatro Brasil Vallourec (Avenida Amazonas, 315, Centro).

 

(Texto de Itamar Rigueira Jr., da Agência de Notícias UFMG)