ALMG: Com sistema agrovoltaico, Minas terá produção simultânea de alimentos e energia
Projeto inovador no País apresentado pela Epamig, que tem base na tecnologia solar fotovoltaica, terá unidades-piloto no Norte e no Centro-Oeste de Minas
Imagine placas solares compartilhando espaços com a pecuária e a agricultura, produzindo simultaneamente alimentos e energia. Ou essas placas sombreando áreas de seca e extremo calor, evitando que culturas de hortaliças se queimem enquanto também geram energia.
Exemplos como esses foram citados em audiência nesta quarta-feira (27/9/23) para ilustrar o potencial que está prestes a se tornar realidade no Estado com o projeto-piloto Sistemas Agrovoltaicos. O assunto foi debatido na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), em audiência na Comissão de Minas e Energia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), realizada a pedido de seu presidente, deputado Gil Pereira (PSD).
Com investimentos iniciais da ordem de R$ 10,5 milhões, Minas Gerais será pioneira na implementação do projeto, com duas iniciativas-piloto em campos experimentais da Epamig, a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais, localizados no Norte de Minas e na Região Centro-Oeste, conforme destacou Trazilbo José de Paula Júnior, diretor de Operações Técnicas da empresa.
Em apresentação à comissão, ele destacou que o sistema agrovoltaico propõe o desenvolvimento de um modelo de produção de energia com base na tecnologia solar fotovoltaica, em combinação harmônica e otimizada com a produção agropecuária, podendo gerar maior produtividade e economia de recursos.
Usado comercialmente na Europa e na Ásia, o maior potencial desse sistema é estimado justamente para regiões semiáridas, onde os painéis fotovoltaicos fornecem sombra protegendo os cultivos e permitindo uso mais eficiente da água.
Em Minas, além da Epamig, participam da empreitada, pioneira no Brasil, a Cemig e o Centro de Pesquisa e Desevolvimento em Telecomunicações (CPQD), além da Fapemig, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais, da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico e do Instituto Fraunhofer, da Alemanha e do Chile.
Jaíba sediará piloto
No Norte de Minas, a primeira unidade-piloto será instalada no Campo Experimental de Mocambinho, no município de Jaíba, onde placas de energia solar deverão ser implantadas sobre culturas como feijão, alternadas com a de frutas e outros grãos.
No Centro-Oeste do Estado, o segundo piloto será implantado no Campo Experimental de Santa Rita, em Prudente de Morais, e deverá avaliar a associação do sistema com a pecuária.
O diretor de operações da Epamig ressaltou que a implantação de sistemas de energia agrovoltaica é um projeto estratégico para os parceiros e relevante também para a Cemig, demandando soluções que possam de fato ser aplicadas em condições reais. Mas de antemão não há dúvida do pontencial da inciativa.
O diretor da Epamig ainda destacou que o projeto mineiro terá ensaios e estudos para mostrar viabilidades práticas do sistema agrovoltaico. A partir daí, o objetivo é recomendar modelos ideais que poderão ser visitados por produtores.
Nesse sentido, serão estudados materiais, placas, soluções para a limpeza do sistema, inclusive com recolhimento de água para uso na irrigação, e monitorados parâmetros de clima e solo, entre outras etapas.
Iniciativas avançam em outros países
O direitor da Epamig ainda expôs iniciativas em curso em outros países, como China, Holanda, Japão e Chile. “Ainda são poucos os países adotando o sistema, mas naqueles onde ele está, há avanços ocorrendo rapidamente”, frisou.
Ele mencionou iniciativas do Japão na adoção do sistema em culturas de chás e arroz; da Holanda, na cobertura da produção de frutas e flores; da China, onde o objetivo é combater a desertificação de áreas com o sombreamento de placas, possibilitando a irrigação por gotejamento e recuperando áreas até então improdutivas; e do Chile, onde há iniciativas com culturas diversas.
“Mas não se tem hoje no mundo um sistema agrovoltaico no café e Minas precisa ser pioneira por se destacar na cafeicultura”, reiterou o representante da Epamig em outro exemplo.
Deputados defendem maior apoio
O deputado Gil Pereira destacou a importância do projeto começar pelo Jaíba, mas manifestou expectativas quanto à sua ampliação.
Para o presidente da comissão, é importante o aportar de mais recursos na Epamig, além de mais incentivos para que também a agricultura familiar possa ser beneficiada com a produção de energia fotovoltaica.
Nesse sentido, foram aprovados na reunião requerimentos defendendo apoio de diversas instâncias ao projeto, inclusive com pedido nesse sentido direcionado ao Ministério das Minas e Energia, para que também aporte recursos na implantação de sistemas agrovoltaicos.
O deputado Bim da Ambulância (Avante), vice-presidente da comissão, também elogiou o projeto, frisando que ele é importante por focar em processos de transforção também social, e endossou a defesa de mais investimentos envolvendo a União para otimizar a implantação desses sistemas.