Depois de 30 anos, Brasil volta a contar com um presidente do Rotary Club International, cuja indicação ocorre no centenário da instituição no País
Mário César Martins de Camargo, do Rotary Club de Santo André (SP), em decisão unânime da Comissão de Indicação, será o presidente mundial da instituição na gestão 2025-26. Sua plataforma de trabalho, sempre priorizando o foco social e de ajuda humanitária, prevê três frentes principais de atuação: rejuvenescer a marca, incluindo estratégias de comunicação e marketing para atrair novos associados; estabelecer parcerias com entidades de classe empresariais e órgãos que também primam pelo pensamento coletivo, para ampliar o alcance das ações; e estabelecer um processo mais efetivo para a continuidade dos programas e projetos de cada gestão, para que os resultados sejam cada vez mais robustos e abrangentes.
Rotariano desde 1980, tendo ingressado no clube por meio do intercâmbio internacional de jovens, Mário César atuou como dirigente nessa área em Santo André aos 24 anos. Também serviu como diretor, curador, facilitador de aprendizagem, membro e presidente de comissão e de forças-tarefas. Para ele, a grande prioridade do Rotary é ajudar quem precisa, “dar de si antes de pensar em si”. Nesse sentido, ele enfatiza as obras sociais da instituição.
No Relatório Anual de 2022 do Rotary International, um dos destaques é a ajuda às comunidades atingidas pela invasão da Rússia à Ucrânia. Alguns dos associados abriram as portas das suas casas para os refugiados e outros coletaram alimentos, água, roupas e remédios. Juntos, os doadores levantaram mais de US$ 15 milhões em auxílio aos habitantes do país. Também se atingiu o objetivo de arrecadação de US$ 50 milhões para a luta contra a poliomielite, em cuja erradicação a instituição é uma das principais protagonistas, tendo salvado a vida de mais de 18 milhões de crianças. Graças às doações e aos aportes dos associados, a Fundação Rotária, braço dos projetos do clube, arrecadou US$ 434 milhões, superando a meta anual de US$ 410 milhões.
Mário César enfatiza as causas nas quais o Rotary International trabalha fortemente, todas alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e aos preceitos da governança ambiental, social e corporativa (ESG): promoção da paz, estimulando o diálogo e a compreensão entre os povos; combate a doenças; água limpa e saneamento; saúde de mães e filhos; apoio à educação, incluindo a erradicação do analfabetismo; desenvolvimento econômico; e proteção do meio ambiente.
“Para termos ideia do alcance de algumas dessas frentes de atuação, é importante saber que o Rotary investe mais de US$ 7 milhões por ano em bolsas de estudo para cursos de graduação e pós-graduação”, salienta Mário César, revelando: “Na sede mundial da instituição, em Evanston, Illinois (EUA), há um banco de dados com mais de 500 mil jovens beneficiados por esses programas, sendo apenas 15 mil deles rotarianos. Assim, pretendo estimular esse grande contingente a ingressar como associado”.
O novo presidente para a gestão 2025/2026 quer articular a participação de jovens com outros programas importantes, como as 100 bolsas anuais dos Centros Rotary pela Paz a profissionais do mundo inteiro, Núcleos Rotary de Desenvolvimento Comunitário (NRDC) e Prêmios Rotários de Liderança Juvenil (RYLA), programa para desenvolvimento de novos líderes. Há, ainda, o Interact, para a faixa de 12 a 18 anos, e o Rotaract, que deixou de ser um programa e foi promovido a entidade parceria, cujos integrantes têm de 18 a 30 anos. Estes, hoje, são 200 mil em todo o mundo.
Reiterando a força de trabalho do Rotary, com 1,4 milhão de voluntários em todo o mundo, sendo 50 mil deles no Brasil, Mário César acentua que pretende potencializar cada vez mais as ações dessas pessoas em favor de ações comunitárias e humanitárias. Para ilustrar a importância dessas iniciativas, cita exemplos referentes ao País, como o investimento de US$ 145 mil em um projeto na Favela da Maré (RJ).
Na área da saúde, há dois exemplos emblemáticos no Brasil: com cinco milhões de reais, doados a fundo perdido pelo Banco Itaú, o Rotary realizou mais de 50 mil testes de Covid-19 nos asilos de acolhimento da Terceira Idade, nos quais estava a população mais vulnerável; e consórcio com o Ministério da Saúde para um programa de testagem de hepatite, fundamental para a prevenção e diagnóstico precoce, iniciado no governo anterior e continuado no atual, com previsão de ações em mais de 300 municípios, nos próximos três anos.
Para Mário César, além de seus benefícios intrínsecos, essas duas ações revelam, no caso do banco, que “nossa instituição tem credibilidade e respeito, pois recebemos o valor sem questionamentos de como seria aplicado, prestando contas de tudo o que foi feito e demonstrando os resultados”. Quanto à parceria com o Governo Federal, ficou evidente o caráter apartidário da instituição, que é pluralista, congrega pessoas de distintas ideologias e preconiza o debate democrático e o entendimento. “Queremos intensificar o processo de equidade, diversidade e inclusão, alinhando o clube mundialmente aos avanços da civilização global”, frisa.
O Rotary também atua na ajuda a comunidades atingidas por cataclismos, como ocorreu nos recentes tufões no Rio Grande do Sul e nas enchentes em Petrópolis (RJ). Neste caso, foi firmada parceria com a ShelterBox para a mitigação dos problemas no município fluminense.
No Brasil, também existe um dos maiores projetos educacionais ligados à instituição em todo o mundo, realizado pela Fundação de Rotarianos de São Paulo, que mantém o Colégio Rio Branco, as Faculdades Integradas Rio Branco e o Centro de Educação para Surdos Rio Branco. Este tem amplo alcance social, possibilitando a centenas de crianças o desenvolvimento cognitivo, inserção no ensino regular e iniciação profissional.