Endividamento das famílias de BH tem estabilidade, mas 52,1% delas estão com contas em atraso
De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência (PEIC), analisada pelo Núcleo de Pesquisa e Inteligência da Fecomércio MG e aplicada pela Confederação Nacional do Comércio (CNC), o nível de endividamento das famílias de Belo Horizonte foi de 90,3% em agosto, índice igual ao apurado em julho. Já o percentual de consumidores com contas em atraso (inadimplentes) diminuiu 1,9 ponto na comparação mensal ficando em 52,1%. Em compensação, os consumidores que não vão conseguir pagar as contas em atraso no mês seguinte somam 22,5%, um percentual 1,5% maior do que o observado em julho.
Segundo Gabriela Martins, economista da Fecomércio MG, esta estabilidade no nível de endividamento das famílias não deve perdurar por muito tempo. “Normalmente o nível de consumo das famílias se eleva no último trimestre do ano, influenciado pelas festas e datas comemorativas. Desta forma, muitos consumidores buscam o crédito para suprir suas demandas, o que leva o endividamento a aumentar. A preocupação está nas compras descontroladas sem um planejamento financeiro, o que pode levar ao aumento da inadimplência e da incapacidade de pagamento das famílias”, explica Martins.
O nível de endividamento com cheques pré-datados, cartões de crédito, carnês de lojas, empréstimo pessoal, prestações de carros, entre outros, mostra que 18,7% dos consumidores se veem como muito endividados. Os que se consideram pouco endividados somam 39,7% e os mais ou menos endividados 31,8%. Aqueles que afirmam não ter dívidas são 9,7% dos consumidores belo-horizontinos.
O cartão de crédito continua a liderar o tipo de endividamento das famílias atingindo 89,1% delas. Enquanto 25,5% das famílias com rendimento acima de 10 salários-mínimos comprometem o orçamento com parcelas da compra de carro, 25,7% das que ganham abaixo da faixa de renda, se comprometem com o carnê de compras de lojas.
A PEIC aponta inadimplência maior entre as famílias com renda abaixo de 10 mínimos: 54,9% com contas atrasadas. Entre aquelas com renda acima daquela faixa, a inadimplência fica em 35,5%. No geral, 52,1% das famílias da capital estão inadimplentes e um total de 57,7% dos consumidores da cidade possuíam contas em atraso em agosto.
O pagamento das dívidas em setembro será inteiramente possível para 19,9% dos consumidores enquanto 43,3% indicam que ficarão inadimplentes pois não conseguirão quitar o compromisso financeiro assumido. No geral, entre as famílias, 22,5% não terão condições de saldar as dívidas conforme a PEIC, sendo que entre as de ganho abaixo de 10 mínimos, esse percentual chega aos 25,0%. Para 48,6% dos consumidores, o tempo de atraso no pagamento das contas está acima de 90 dias.
O período de envolvimento com as dívidas é calculado, por 79,1% das famílias, como sendo igual ou maior que três meses. Já o comprometimento da renda das famílias para pagar as dívidas é em média de 30,4%.
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