Aluna da UFMG é selecionada em Programa de Mobilidade na França para estudantes indígenas
Na quarta-feira, 9 de agosto – data em que a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu como o Dia Internacional dos Povos Indígenas com o intuito de trazer visibilidade para todas as populações originárias – a Diretoria de Relações Internacionais (DRI) da UFMG divulgou a conquista de Adriana Fernandes Carajá, de nome indígena Korã, doutoranda em Antropologia Social no Programa de Pós-graduação em Arqueologia e Antropologia (PPGAN): ela foi a única aluna da UFMG selecionada para um intercâmbio na França pelo Programa de Mobilidade Bolsa Guatá, aprovada com tese intitulada Bate Folhas: presença das Caboclas e dos Caboclos em manifestações religiosas do município de Jequié-BA. O programa é exclusivo para estudantes indígenas que estejam na pós-graduação de cinco Instituições de Ensino Superior (IES) brasileiras.
A Diretoria de Relações Internacionais promoveu curso intensivo de francês preparatório para exame de proficiência linguística para mobilidade internacional, ministrado pelo professor de francês Isac Rezende, supervisionado pelo professor Luciano Tocaia, da Faculdade de Letras (Fale) da UFMG), que relatou ter sido um desafio para os estudantes aprenderem em pouco tempo tantos assuntos em uma nova língua. “Tentei sempre buscar que meus alunos falassem de si mesmos, de suas rotinas, de suas vidas, de sua cultura, para que pudessem, ao chegarem nas universidades francesas, expor sua cosmovisão e participar ativamente na construção plural de conhecimentos. Busquei apresentá-los a uma diversidade de autores de expressão francesa que também trouxessem essas cosmovisões únicas, como Aimé Césaire e Sylviane Telchid, além de mostrá-los o impacto dos conhecimentos indígenas nas ciências”, relata Isac. Já Adriana conta que o método empregado pelo professor fez toda diferença na compreensão da língua francesa.
O início da mobilidade está previsto para o dia 31 de agosto de 2023, com retorno ao Brasil no mês de julho de 2024. Adriana menciona que espera “adquirir conhecimentos, trocar saberes com pessoas de outras nacionalidades, aprimorar habilidades linguísticas, vivenciar novas experiências culturais, ampliar oportunidades profissionais e reforçar a luta pela visibilidade aos povos indígenas .”
Por sua vez, o professor Isac Rezende acredita que a escolha de Adriana Carajá como representante da UFMG foi muito acertada: “ela tem em sua trajetória um percurso na área da saúde e na área das ciências humanas, representando o profissional da saúde com a formação humana que todas as universidades deveriam se propor a formar. Seu percurso e sua personalidade mostram que Adriana tem muito a oferecer em termos de crítica, de construção intelectual e de renovação nas ciências”.
O Programa de Mobilidade Bolsa Guatá, que significa na língua Tupi-Guarani “caminhar”, tem o objetivo de fortalecer a dimensão internacional dos estabelecimentos de ensino superior e as pesquisas francesas, com a diversidade de perfis de estudantes internacionais, incluindo estudantes indígenas brasileiros no acesso à mobilidade internacional. Nessa perspectiva, o governo francês, por meio da Embaixada da França no Brasil, em parceria com cinco universidades brasileiras: Unicamp, UnB, UFMG, UFSCAR e UEA abre candidaturas para bolsas de mobilidade nos níveis de mestrado (master 2) e doutorado na França.
(Com informações da Assessoria da DRI)