Estudo revisa eficácia de método de tratamento para casos graves de covid-19
Pesquisadoras do CEFET-MG Contagem mapearam 383 artigos sobre Oxigenação por Membrana Extracorpórea (ECMO), alternativa utilizada no humorista Paulo Gustavo
Foto: Divulgação/SAMUEm maio, fez um ano do falecimento do ator Paulo Gustavo, famoso por dar vida à personagem Dona Hermínia em “Minha mãe é uma peça”. Durante os mais de 50 dias de internação do humorista, diversas estratégias foram utilizadas para mantê-lo vivo, entre elas, a Oxigenação por Membrana Extracorpórea (ECMO).O método de tratamento, não ofertado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), despertou o interesse da professora Tália Santana e das estudantes do CEFET-MG em Contagem Karine Rezende e Ana Laura Garro, que decidiram revisar, cientificamente, a ECMO no suporte de pacientes com insuficiência respiratória aguda grave causada pela covid-19.O tratamento permite uma troca gasosa extracorpórea, ou seja, é uma espécie de pulmão artificial, por meio do qual o sangue recebe oxigênio e o gás carbônico é retirado. Mas será que a ECMO é, de fato, eficaz para o tratamento da covid-19? Em busca de respostas, as autoras fizeram um levantamento de evidências científicas em quatro bases de dados: MedLine/PUBMED, EMBASE, LILACS e SciELO, avaliando o emprego da ECMO em pacientes com covid-19 de qualquer idade e desfecho sobrevida.A efetividade do método de tratamento variou de 25% a 100%, sendo estimada em 55% em um único estudo clínico identificado. A busca foi realizada em 383 artigos, desse total, 152 potencialmente elegíveis foram selecionados para leitura na íntegra e 16 foram incluídos na revisão. Em conjunto, foram avaliados 3.482 pacientes, sendo 71% do sexo masculino, com idade média de 52 anos e 20 dias utilizando a ECMO, em média.De acordo com a professora Tálita, os estudos analisados pelo grupo concluíram que faltam evidências científicas sólidas a respeito dessa alternativa de tratamento no suporte respiratório de pacientes com covid-19. “A maioria dos estudos identificados tratam-se de relato ou série de casos e a minoria de evidências científicas mais robustas, como ensaios clínicos e estudos de corte. Além disso, os estudos foram conduzidos principalmente em países desenvolvidos”, detalha.Exatamente por esse motivo, pesquisas sobre esse tipo de tratamento são necessárias, pois o Brasil ainda não o disponibiliza no Sistema Único de Saúde (SUS). “São recomendadas análises econômicas com o objetivo de fornecer mais evidências científicas que permitam subsidiar a tomada de decisão de gestores em saúde sobre a possibilidade de incorporação da ECMO”, orienta.A pesquisa “Oxigenação por membrana extracorpórea no suporte de pacientes com insuficiência respiratória grave causada pela covid-19: uma revisão narrativa” foi apresentada durante a 16ª Semana de Ciência e Tecnologia (C&T) do CEFET-MG e conquistou o 2º lugar na votação popular na área de ciências de saúde. Acesse o vídeo de apresentação do projeto e saiba mais.
