Galpão de trabalho da Nelson Hungria funciona semelhante ao de grandes indústrias

Galpão de trabalho da Nelson Hungria funciona semelhante ao de grandes indústrias

Empresas das áreas de telecomunicação, energia elétrica, injeção de plásticos e soluções para armazenagem estão dentro do maior complexo penitenciário do Estado, mostrando a vocação do sistema prisional para o ramo industrial

São cerca de 800 metros quadrados, bastante semelhantes a qualquer área de produção de empresas de grande porte, mas o galpão está instalado no maior Complexo Penitenciário de Minas Gerais, em Contagem, que tem capacidade para 1.779 presos. O local fica na área intramuros, porém, afastado dos pavilhões carcerários. A limpeza, organização e concentração dos presos em suas atividades impressionam a todos que chegam pela primeira vez.

Quatro empresas acreditaram no trabalho de uma outra, a Ivetec, experiente na produção industrial com mão de obra prisional, inclusive, no interior de unidades. No galpão de trabalho do Complexo Nelson Hungria, há um ano, estão presentes a Shoreline, da área de telecomunicações; a Nansen, que produz medidores de energia elétrica; Opusplast, injetora de plásticos; e a SA Gôndolas, soluções para exposição e armazenagem.

Quem cuida dos estudos de viabilidade, implantação e fabricação de peças e produtos destas indústrias é a sócia-proprietária da Ivetec, Ismênia Alves, com uma equipe de profissionais de diferentes áreas, e apoio de servidores do Departamento Penitenciário de Minas Gerais (Depen-MG). “Fazemos todo um estudo prévio das necessidades para a produção, os insumos, a logística, os equipamentos, o treinamento. Tudo sai daqui direto para o consumidor final. As interlocuções com o Departamento Penitenciário para a operacionalização são nossa responsabilidade”, explica a sócia, graduada e mestra em Gestão de Produção Industrial.

Para a diretora de Trabalho e Produção do Depen-MG, Maristela Pessoa, a parceria com a Ivetec se destaca, pois levou para a Nelson Hungria empresas do ramo industrial. “A gestão compartilhada neste galpão se mostra exitosa, e prova a capacidade do sistema prisional em absorver diversos tipos de trabalho. Lá, o treinamento é realizado de forma constante, e vai além do conhecimento das atividades técnicas, contribui para uma consciência do processo em que os indivíduos estão inseridos”, explica a diretora.

Dedicação

O treinamento e a profissionalização são levados tão a sério, tanto pela empresa gestora quanto pelos presos, que o detento Júlio Assunção, 40 anos, conseguiu se tornar inspetor de qualidade na área de produção. É ele quem fica de olho em todos os processos e, mesmo assim, consegue manter a simpatia dos colegas. “Tenho orgulho do meu trabalho, temos uma equipe colaborativa, ninguém fica com ranço de mim. Conto com o apoio do gerente operacional, o Vandivaldo, e a Ismênia”, compartilha Júlio Assunção.

Na máquina de costura, produzindo uniformes para SA Gôndolas, está um preso que nunca sonhou em manusear linhas e agulhas. “Achava coisa de mulher, mas aprendi, aqui, a cortar, costurar e riscar. Tem dias em que preferia ficar na máquina até as 10 horas da noite”.

 

 

Fot0 em destaque: Tiago Ciccarini
Fonte: Agência Minas Gerais | Galpão de trabalho da Nelson Hungria funciona semelhante ao de grandes indústrias (agenciaminas.mg.gov.br)