Inteligência Artificial auxilia médicos reduzindo sobrecarga de trabalho em relação aos prontuários
Tal registro de informações foi associado a 75% do esgotamento médico e 85% da insatisfação entre o equilíbrio na vida pessoal e profissional
A Inteligência Artificial (IA) vem mostrando um grande potencial para as mais diversas áreas do conhecimento, o que inclui a medicina, trazendo alternativas interessantes para o setor. Uma delas diz respeito à gestão de prontuários médicos, uma queixa recorrente na rotina desses profissionais.
Diversos estudos atestaram que a documentação nos prontuários contribui para o aumento das taxas de exaustão entre os prestadores de cuidados de saúde. Nesse contexto, prontuários médicos já foram associados a até 75% do esgotamento médico e a 85% da insatisfação entre o equilíbrio na vida pessoal e profissional.
Na atualidade, a IA vem sendo incorporada de modo a auxiliar no manejo dos prontuários dos pacientes, com o objetivo de economizar horas de trabalho, diminuindo a sobrecarga de atividades, posto que torna possível o registro das informações de maneira instantânea, sintética e estruturada. É o que explica a Dra. Luciana Souza, sócia-fundadora da Sinerji — empresa de transformação digital e soluções baseadas em softwares.
Conforme Luciana, dependendo da IA escolhida, ela pode reduzir, por exemplo, de 2 horas para aproximadamente 20 minutos o tempo diário gasto nessa tarefa, que é tanto cotidiana como repetitiva para estes profissionais. Ela explanou que a IA generativa – aquela que gera textos, imagens ou outros meios de resposta a solicitações – é a que mais frequentemente vem sendo usada, já que ao aprender com as conversas médico-paciente, executa um resumo da conversa e este pode ser utilizado como um registro no prontuário, otimizando essa etapa do exame.
“É uma solução bastante promissora. Tal tecnologia, que se vale de algoritmos para aprender padrões em dados e criar conteúdo baseado nesses padrões, proporciona mudanças positivas na forma com que os médicos lidam com a documentação e gestão dela”, disse. Luciana destacou que ao enxergarem todas as possibilidades que esse campo da transformação digital traz, inúmeras empresas estão desenvolvendo tecnologias de ponta, com o propósito de condensar, organizar e categorizar as informações que compõem a conversa entre médico e paciente.
Noutra perspectiva igualmente vantajosa, por meio de IA também se pode digitalizar informações de prontuários físicos e transformá-los em um conteúdo eletrônico organizado, que pode ser usado para fornecer indicadores importantes. Ou seja, dá para sistematizar um gigantesco volume de dados de um jeito eficiente, a exemplo de perfil dos pacientes, diagnósticos e resultados de tratamentos, permitindo insights fundamentais para estudos, pesquisas clínicas e terapias, configurando-se como um apoio ao trabalho dos médicos, das operadoras de saúde e outros profissionais que fazem o acompanhamento dessas pessoas.
O healthcare é um segmento em constante evolução, o que é excelente, como assinalado pela sócia-fundadora da Sinerji. “A adoção dessas tecnologias vem acontecendo gradativamente e, sobretudo nessa área, o progresso conquistado beneficia toda a sociedade, mas também requer pesquisas aprofundadas e surgem desafios. Uma questão enfrentada mundialmente em relação ao tema, refere-se às incertezas regulatórias e às preocupações com a segurança do paciente. Além disso, é essencial a supervisão humana para assegurar a precisão e observar essas contribuições geradas pela IA, validando o processo”, enfatizou.
Desse modo, a inserção dessas metodologias na medicina, pode resultar numa assistência à saúde com uma qualidade superior, posto que ao liberar os médicos de tarefas mecânicas e demoradas, essas tecnologias oportunizam aos profissionais que possam concentrar seus esforços no que realmente faz a diferença: o atendimento humanizado ao paciente.