Jequitinhonha cobra investimentos em rodovias estaduais
Lideranças destacam momento de contas equilibradas do governo e pregam união dos municípios para buscar recursos
Prefeitos e vereadores de cidades do Vale do Jequitinhonha/Mucuri e Região Central do Estado cobraram, nesta quinta-feira (24/8/23), a pavimentação de rodovias estaduais, sobretudo da MG-214 e da MG-211. Eles participaram de audiência da Comissão de Participação Popular da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e salientaram que os moradores aguardam há décadas por essas obras.
A MG-214 liga Itamarandiba a Senador Modestino Gonçalves e Capelinha e tem cerca de 100 quilômetros sem asfalto. Já a MG-211 liga Capelinha a Setubinha e tem 50 quilômetros que ficam intransitáveis no período chuvoso. Os participantes destacaram transtornos para o turismo, para o escoamento da produção, para o transporte escolar e para pacientes que buscam tratamento em cidades como Diamantina.
O prefeito de Itamarandiba, Luiz Fernando Alves, fez um relato histórico da situação das duas rodovias, que, segundo ele, deveriam ter sido pavimentadas nos anos 1980, junto com a chamada Rota do Carvão. “Não sabemos por que ficaram de fora. Até há pouco tempo, constavam como pavimentadas nos arquivos do governo. E a população sofre há mais de 50 anos”, afirmou.
Ele defendeu que o Vale do Jequitinhonha se una para reivindicar a pavimentação de todas as rodovias, em vez de se dividir e disputar recursos. “Este é o momento porque o governo tem recursos e ainda vai receber a reparação pelo rompimento da barragem de Mariana. O Vale não pode continuar colonizado”, enfatizou.
O vice-prefeito de Capelinha, Alequison Mendes, também pediu união no momento em que o Vale ganha destaque pela exploração do lítio. “Nós queremos dignidade, rodovias e infraestrutura”, pontuou.
Outro que pediu diálogo foi o prefeito de Senador Modestino Gonçalves, José Neves. Ele relatou que a MG-214 corta a cidade, que tem uma das menores arrecadações da região, mas ainda assim, vive grande expansão territorial. “Sofremos para escoar leite, no transporte escolar e no transporte de saúde”, afirmou.
Ausência de diretor do DER-MG é sentida
Vários prefeitos criticaram a ausência do diretor-geral do Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem (DER-MG), Rodrigo Rodrigues Tavares, e do secretário de Estado de Governo, Gustavo Valadares, convidados para a audiência.
“Somos lembrados só na hora do voto. Nossa esperança era receber boas notícias”, criticou Claudinei Fernandes, presidente da Câmara Municipal de Itamarandiba. Segundo ele, com a pavimentação da MG-214, pacientes rodariam 60 quilômetros a menos até Diamantina. “Quanto vale uma vida?”, questionou.
“Rodamos 500 quilômetros para a audiência. A presença do Rodrigo Rodrigues era essencial”, afirmou também Cleuberson de Andrade, presidente da Câmara de Capelinha. Emocionado, José Adauto Carneiro, vereador de Itamarandiba, destacou que Gustavo Valadares é votado em toda a região há mais de 20 anos, tendo sido majoritário na cidade e, agora, tem o “poder da caneta” para ajudar.
José Adauto, que também é vice-presidente da Associação Comercial, Industrial e Agropecuária e Serviços de Itamarandiba (Aciac), trouxe ainda um ofício da entidade, no qual empresários e agricultores reforçam a importância estratégica da MG-214 para a competitividade local e para o acesso mais ágil aos serviços de saúde.
Projeto técnico é prioridade, mas faltam recursos
O representante do Poder Executivo, Rodrigo Santos Colares, assessor de Gestão Estratégia do DER-MG, afirmou que há uma empresa contratada para fazer o projeto técnico da MG-214 e que ela deve apresentar um cronograma do trabalho na próxima semana.
Mas ele admitiu falta de recursos para tocar o próprio projeto e também limitações técnicas e de equipes do DER-MG. “Existe atenção com o Norte e Jequitinhonha/Mucuri. Agora, com o caixa equilibrado, estamos revisitando todos os projetos. E o DER-MG está trabalhando para buscar recursos para a MG-214”, afirmou, citando o diretor-geral Rodrigo Rodrigues.
Mas no plano de investimento do governo, trazido por Rodrigo Colares, consta para o Jequitinhonha apenas o recapeamento da MG-367, conforme destacou o prefeito Luiz Fernando.
O deputado Marquinho Lemos (PT), presidente da comissão, lembrou que o contrato com a empresa foi assinado em 2018, último ano da gestão de Fernando Pimentel. Mas nunca avançou, sob a alegação de falta de recursos. “Estamos repetindo para um diretor do DER o que já falamos pra outros. Isso depende é do governador”, afirmou, cobrando vontade política de Romeu Zema.
Ele enfatizou que é essencial, agora, ter o projeto técnico da MG-214, estimado, segundo ele, em R$ 3,38 milhões. “Só assim vamos poder começar outra luta, que é tirar a obra do papel”, afirmou.
O deputado Ricardo Campos (PT) destacou que, agora, o governo tem condições de fazer obras viárias tanto no Jequitinhonha como no Mucuri e no Norte. “O dinheiro existe, tanto que o governador perdoou R$ 1,5 bilhão das locadoras, o que seria suficiente para todas as obras. Mas permanece o descaso”, lamentou.
Já Doutor Jean Freire (PT) resgatou a história de dificuldades do Vale em busca de desenvolvimento e também defendeu a união e o fortalecimento do sentido de pertencimento dos moradores. “Nossa maior riqueza é nosso povo”, enfatizou. Ele criticou o governador por ter investido em outras pavimentações, como a da rodovia que leva a propriedade da família Zema.
Além dos três parlamentares citados, o requerimento para a audiência também foi assinado pelo deputado Leleco Pimentel (PT).