Minas Gerais apresenta redução no salário médio, mas se mantém relevante no setor de serviços

Minas Gerais apresenta redução no salário médio, mas se mantém relevante no setor de serviços

Editoria: Estatísticas Econômicas | Carmen Nery e Igor Vieira Ferreira | Arte: Helga Szpiz

Atividade de Transporte de cargas é o destaque no Brasil e em Minas Gerais

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realiza a Pesquisa Anual de Serviços (PAS), que retrata as características estruturais do segmento empresarial da atividade de prestação de serviços não financeiros no país.

O desempenho do setor de serviços não financeiros em Minas Gerais e no Brasil em 2021 foi impactado por um ambiente macroeconômico menos desafiador que nos anos anteriores, com alguns indicadores mostrando melhoras: crescimento de 5% do PIB nacional com um destaque para aumento no consumo das famílias (+3,7%). Outro setor que merece destaque em Minas Gerais e no Brasil é o setor de Transportes, armazenagem e correios.

  • Destaques

  • Em 2021, frente a 2020, a população ocupada no setor de serviços cresceu 7,8% (ou mais 970,5 mil pessoas), chegando a 13,4 milhões, recorde da série histórica.
  • Em 2021, a ocupação nos Serviços já está 4,5% acima de 2019 (nível pré pandemia). Os destaques dessa recuperação no período foram Serviços técnico-profissionais (mais 198,9 mil ocupados), Serviços de escritório e apoio administrativo (mais 189,4 mil), Tecnologia da informação (mais 119,9 mil).
  • Por outro lado, a ocupação em Serviços prestados principalmente às famílias caiu 8,5% ante 2019, por influência dos Serviços de alimentação, que perdeu 223,7 mil vagas.
  • O número de empresas ativas cresceu 7,9% entre 2019 e 2021. Em relação à 2020, a alta foi de 9,2%. Em 2021, o setor tinha 1,5 milhão de empresas, que geraram R$ 2,2 trilhões em receita operacional líquida e R$ 1,2 trilhão de valor adicionado.
  • Três setores concentram 74,7% das empresas: Serviços profissionais, administrativos e complementares (562,4 mil), Serviços prestados principalmente às famílias (385,7 mil) e Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (166,6 mil).
  • Em 2021, frente a 2020, o setor de Transportes, serviços auxiliares ao transporte e correio foi o que mais aumentou a representatividade no setor de Serviços com 29,3% da receita operacional líquida.
  • As empresas do setor de serviços pagaram R$432,3 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações. O salário médio mensal caiu de 2,3 salários mínimos, em 2012, para 2,2 s.m. em 2021.
  • Em 10 anos, a concentração no setor de Serviços, passou de 10,2% para 7,4%.

A Pesquisa Anual de Serviços (PAS) 2021 mostrou um total de 1,5 milhão de empresas ativas, com crescimento de 7,9%, frente a 2019 e de 9,2% ante 2020. Essas empresas ocupavam 13,4 milhões de pessoas, recorde da série histórica iniciada em 2007, e pagaram R$ 432,3 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações. As empresas do setor tiveram R$ 2,2 trilhões em receita operacional líquida e R$ 1,2 trilhão de valor adicionado. A PAS investiga sete segmentos, com 34 atividades no nível Brasil e 13 atividades em nível regional.

A Gerente de Análise Estrutural do IBGE, Synthia Santana, destaca que o desempenho do setor de serviços repercutiu a recuperação dos principais indicadores macroeconômicos do País em 2021. O Produto Interno Bruto cresceu 5,0%, com destaque para o aumento de 3,7% no consumo das famílias, ante uma queda de 4,6% em 2020.

“O setor de serviços é muito ancorado no consumo das famílias e dependente do aquecimento econômico. Conforme apurado pelo IBGE nas Contas Nacionais, o setor de serviços cresceu 5,2% em 2021, após a queda de 3,7% em 2020. Esse resultado foi fortemente influenciado pelo setor de Transportes, armazenagem e correio (12,9%). A taxa de desemprego, segundo levantamento da PNAD Contínua, alcançou 11,1%, semelhante aos níveis de 2019. Isso mostra que a economia em 2021 já havia atingido os níveis pré-pandemia e os resultados do setor de serviços mostram uma situação semelhante de recuperação”, completa Santana.

Três segmentos concentram mais de 75,0% das receitas do setor de serviços

Os principais segmentos foram Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio, com a maior participação (29,3%), seguido por Serviços profissionais, administrativos e complementares (27,5%), Serviços de informação e comunicação (21,0%). Os três segmentos somam mais de 75,0% da receita operacional líquida. Os demais segmentos são Serviços prestados principalmente às famílias (9,9%), Outras atividades de serviços (8,6%), Atividades imobiliárias (2,3%), e Serviços de manutenção e reparação (1,4%).

Synthia Santana destaca a queda de participação do segmento de Serviços de Informação e comunicação, ao longo da série histórica. Em 2007, o segmento ocupava a primeira posição com 31,2%, caindo para a terceira posição com 21,0%.em 2021, sendo ultrapassado por Transportes, armazenagem e correios em 2010.

Entre as 34 atividades, os destaques são os Transportes rodoviários de cargas, que representam 12,9% da receita operacional líquida, com ganho de 2,8 p.p em relação a 2012; Serviços técnico-profissionais, 12,1% (+ 1,3 p.p.); Tecnologia da informação com 9,8% (+3,2 p.p.)., Telecomunicações 8,2% (- 6,1 p.p.); e Armazenamento e atividades auxiliares aos transportes, 7,0% (+1,0 p.p.).

“Dessas cinco principais atividades, apenas Telecomunicações perdeu participação em dez anos. A perda de participação do segmento de Serviços de Informação e Comunicação, deve-se à queda da atividade de Telecomunicações, pois tecnologia da informação tem crescido, sendo a atividade que mais ganhou participação ao passo que a que mais perdeu foi telecomunicações”, analisa a gerente.

Entre 2020 e 2021, ocupação cresce 7,8%

Em 2021, o setor de serviços empregava 13,4 milhões de pessoas. Entre 2019 e 2021, houve aumento de 4,5% no número de vagas com o acréscimo de 574,3 mil ocupações, impulsionado pelo crescimento de 572,4 mil (10,8%) nos Serviços profissionais, administrativos e complementares; 142,7 mil (13,4%) nos Serviços de informação e comunicação, em contraposição à redução de 242,5 mil (-8,5%) nos Serviços prestados principalmente às famílias. Em relação à 2020, houve uma alta de 7,8%.

“Passados os efeitos imediatos da pandemia, o setor de serviços conseguiu recuperar os níveis de ocupação de 2019. Entre as exceções está Serviços prestados principalmente às famílias, que teve com queda de 8,5% na ocupação, devido à redução na atividade de serviços de alimentação. Mas houve recuperação em atividades imobiliárias (+ 21,9%), Outras atividades de serviços (+14,5%); Serviços de informação e comunicação, (+13,4%) e serviços profissionais, administrativos e complementares (+10,8%)”, destaca Santana.

Entre 2020 e 2021, a maior variação na ocupação foi em Intermediação na compra, venda e aluguel de imóveis (24,7%), seguida por Tecnologia da informação (17,4%) e Atividades de ensino continuado (16,8%). Já as maiores quedas foram em Transporte dutoviários (8,5%), Correio e outras atividades de entrega (2,6%) e Transporte de passageiros (2,4%).

Serviços profissionais, administrativos e complementares respondem por 43,5% da ocupação

A atividade com mais pessoas ocupadas é Serviços profissionais, administrativos e complementares, com 5,9 milhões de postos de trabalho, o equivalente a 43,5% do total de ocupados no setor de Serviços. Em seguida vêm Serviços prestados principalmente às famílias (2,6 milhões), Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correios (2,5 milhões) e Serviços de informação e comunicação (1,2 milhão).

Entre 2019 e 2021, as reduções mais intensas no número de postos de trabalho ocorreram em Serviços de alimentação (223,7 mil), Transporte de passageiros (110,8 mil) e Agências de viagens, operadores turísticos e outros serviços de turismo (20,9 mil).

Concentração nas oito maiores empresas do setor de serviços cai a 7,4%

A PAS registrou 1,5 milhão de empresas atuando no setor de serviços em 2021. Dessas, 74,7% estavam nos segmentos de Serviços profissionais, administrativos e complementares (562,4 mil), nos Serviços prestados principalmente às famílias (385,7 mil) e em Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (166,6 mil).

Em 10 anos, a concentração de receita no setor de Serviços nas 8 maiores empresas, medida pelo indicador R8, passou de 10,2% para 7,4%. A concentração diminuiu sobretudo em dois dos principais segmentos: Serviços de informação e comunicação (de 37,2% para 32,1%) e Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (de 16,6% para 11,7%).

Das cinco atividades com indicador de concentração R8 acima de 50% em 2021, quatro pertenciam ao segmento de Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio. Eram elas: Transporte dutoviário (R8 de 100,0%), Transporte aéreo (R8 de 92,1%), Correio e outras atividades de entrega (81,8%) e Transporte metroviário e ferroviário (73,8%). A quinta atividade com maior concentração foi Telecomunicações (R8 de 70,4%).

Em 10 anos, salário médio caiu de 2,3 para 2,2 salários mínimos

O salário médio mensal recuou, passando de 2,3 salários mínimos (s.m.), em 2012, para 2,2 s.m. em 2021. Serviços de informação e comunicação (4,5 s.m.) continuou com a maior remuneração, seguido por Outras atividades de serviços (3,6 s.m.), influenciado por serviços auxiliares financeiros. O terceiro maior salário vem de Transportes, serviço auxiliares aos transportes e correios (2,6 s.m.). Os salários das três atividades estavam acima da média (2,2 s.m.).

Região Sudeste perde participação em 10 anos, mas mantém liderança

O Sudeste concentrou 65,1% do total da receita bruta de serviços, seguido pelo Sul (14,7%), Nordeste (9,8%), Centro-Oeste (7,8%) e Norte (2,7%). Em 2021, a Região Sudeste manteve as maiores participações em número de empresas; receita bruta de serviços; salários, retiradas e outras remunerações e pessoal ocupado. As Regiões Sul, Nordeste, Centro-Oeste e Norte vinham a seguir, nessa ordem.

Entre 2012 e 2021, houve perda de representatividade do Sudeste em todos os aspectos da pesquisa. Já as regiões Sul e Centro-Oeste foram as que mais cresceram em participação. O destaque no Sul foi o aumento na composição da mão de obra, em termos de ocupação (1,7 p.p.) e salários (1,8 p.p.), enquanto no Centro-Oeste cresceu a representatividade em termos de número de empresas (1,2 p.p.) e receita bruta de serviços (0,9 p.p.).

Setor de Transportes é o mais importante em três das cinco Grandes Regiões

Em 2021, o segmento de Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio teve maior participação em três Regiões do país: Norte (39,8%), Centro-Oeste (36,0%) e Sul (34,7%), com destaque para o transporte rodoviário, que inclui tanto o transporte de passageiros quanto o transporte de cargas, responsável por 15,2%, 25,6% e 22,6% da receita bruta de serviços nessas regiões, respectivamente. No Norte, o setor de Outros transportes – ferroviário/metroferroviário, dutoviário, aquaviário e aéreo – foi o principal, com 17,3%. Os Serviços profissionais, administrativos e complementares lideraram no Nordeste (31,4%) e no Sudeste (27,3%).

De 2012 a 2021, todas as regiões registraram redução nos salários médios, medidos em salários mínimos. A Região Nordeste se manteve com os menores valores ao longo de todo o período, pagando em média 1,6 salários mínimos em 2021. Por outro lado, o Sudeste mostrou os maiores salários, com uma média de 2,5 salários mínimos, sendo a única região com remuneração acima da média nacional para o setor (2,2 salários mínimos mensais).  

 

Legenda da foto em destaque: A ocupação em Serviços prestados principalmente às famílias caiu 8,5% ante 2019, por influência dos Serviços de alimentação, que perdeu 223,7 mil vagas – Foto: Helena Pontes/Agência IBGE Notícias

Fonte: Ocupação no setor de serviços cresce 7,8% e chega ao recorde de 13,4 milhões | Agência de Notícias (ibge.gov.br)