Não há dose segura para beber. E no Carnaval risco aumenta 25%

Não há dose segura para beber. E no Carnaval risco aumenta 25%

Álcool aumenta risco de câncer e de acidentes alerta Paulo Leme Filho. Ativista e autor de livros sobre dependência química traz dados sobre estudos recentes

“Não há quantidade segura para bebidas alcoólicas. A menor dose pode ser prejudicial. Quer você tenha tendência a desenvolver a doença do alcoolismo, ou não.” O alerta do advogado e ativista em prol do combate a dependência química, Paulo Leme Filho, traduz os mais recentes estudos e debates sobre o consumo de bebidas no mundo. E no Brasil o aviso encontra eco no mês que antecede ao Carnaval com base em estatísticas de acidentes de trânsito.

Os dados de 2021, 2022, 2023, atestam que a ingestão de álcool ou outras substâncias psicoativas foi a principal causa de, em média, 16,2 sinistros por dia durante o período de carnaval. Comparando com os demais dias do ano, a média de sinistros por dia com a mesma causa principal foi de 12,7. Isso representa um aumento aproximado de 25% na média de sinistros por dia durante o carnaval, cuja principal causa foi a ingestão de álcool ou outras substâncias psicoativas.

Durante a época de carnaval nesses três anos, foram registrados 3.363 sinistros em rodovias federais, com 3.064 feridos leves, 862 feridos graves e 277 óbitos.

Quem avisa amigo é…

No início de janeiro de 2025, o Vivek Murthy, médico e autoridade máxima em saúde pública nos Estados Unidos, emitiu uma recomendação para que as bebidas alcoólicas tenham no rótulo uma advertência sobre o risco de câncer. O documento sinalizou o álcool como a terceira principal causa evitável de câncer nos EUA, depois do tabaco e da obesidade, e destacou a conscientização limitada das pessoas sobre a relação entre álcool e risco de neoplasias.

O risco de câncer de mama, boca e garganta pode aumentar com o consumo de apenas uma bebida por dia, ou até menos, disse Murthy.

Nos EUA, os rótulos atualmente afixados em garrafas e latas de bebidas alcoólicas alertam sobre beber durante a gravidez ou antes de dirigir e operar outras máquinas, e sobre “riscos gerais à saúde”. E se depender dos estudos mais recentes terão também avisos sobre o risco para câncer. A legislação está para ser revista este ano.

Na Irlanda, onde a nova lei já passou, a partir do ano que vem os rótulos terão de exibir avisos informando a ligação entre o consumo de álcool e cânceres fatais. A Coreia do Sul também tem uma lei parecida.

No Brasil aguarda-se a decisão do governo de taxar as bebidas alcoólicas e cigarro. O “Imposto do Pecado” foi criado pela Reforma Tributária por meio do PLP 68/2024. Ele foi aprovado pela Câmara dos Deputados em 17 de dezembro de 2024, e seguiu para a sanção presidencial.