Pandemia prejudicou aleitamento materno, conclui estudo da Escola de Enfermagem da UFMG
Pesquisa revelou ainda que a crise sanitária reduziu o índice de partos normais
Ao dificultar o acesso a serviços e apoio pré-natal e pós-natal, a pandemia de covid-19 acabou contribuindo para a queda dos níveis de aleitamento materno, indica estudo realizado por pesquisadores da Escola de Enfermagem da UFMG.
Foram examinados casos de cerca de 2 mil parturientes, em três maternidades especializadas na assistência ao parto em Belo Horizonte: Sofia Feldman, Júlia Kubitschek e Risoleta Tolentino Neves. De acordo a coordenadora da pesquisa, Fernanda Penido, do Departamento de Enfermagem Materno Infantil e Saúde Pública, observou-se um enfraquecimento de muitos dos serviços obstétricos durante a pandemia, “o que interferiu nos cuidados após o parto e no incentivo ao contato pele a pele e amamentação exclusiva”.
Os resultados mostram que foram registrados menos casos de parto normal entre as mulheres infectadas ou com suspeitas de covid-19, e que estas, em geral, amamentaram menos do que aquelas livres da contaminação. O levantamento também apurou que, antes da pandemia, 93,33% das pacientes tiveram indicação de parto normal e amamentaram seus bebês. Durante a crise sanitária, esse índice caiu para 87,88%.
“Os serviços de atendimento às gestantes foram reduzidos ou mesmo descontinuados na pandemia, o que pode ter agravado as complicações na gravidez e no parto e, consequentemente, na amamentação”, argumenta a coordenadora do estudo.
Fernanda Penido reforça que o aleitamento é considerado um dos principais fatores para a redução da mortalidade neonatal e infantil, além de ser a forma mais econômica e a melhor intervenção para redução da morbidade nos primeiros anos de vida da criança.
O leite materno, segundo a especialista, protege contra diarreias, infecções respiratórias e alergias, também diminui o risco de hipertensão, colesterol alto, diabetes e obesidade. Há evidências, ainda, de que o aleitamento materno contribui para o desenvolvimento cognitivo.
Agosto dourado
Agosto é o mês em que são realizadas campanhas destinadas a promover os benefícios do aleitamento materno como única fonte de alimentação para o bebê até os seis meses de idade. Neste ano, o Hospital das Clínicas (HC) da UFMG está realizando, em suas dependências, uma série de ações com a temática Agosto Dourado 2023 – possibilitando a amamentação: fazendo a diferença para mães e pais que trabalham.
As equipes do Instituto Jenny de Andrade Faria (ambulatório de pré-natal), da Maternidade e do Banco de Leite Humano (BLH), sediadas no quarto andar do prédio principal, promoverão práticas integrativas (escalda-pés, massagem, laserterapia, reiki, auriculoterapia, maquiagem e detox nos dias 8, 15, 23 e 30 de agosto, das 9h às 17h, mediante agendamento), rodas de conversas com mães do alojamento conjunto sobre manejo do aleitamento, direitos trabalhistas e amamentação, apresentação musical no hall do quarto andar e palestras para profissionais e estudantes.
Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (31) 3307-9350.
Foto: Ahacmacr Bouxmo
Em 2020, a TV UFMG produziu vídeo sobre as ações do Agosto dourado no Hospital Risoleta Tolentino Neves.