Pesquisa da UFMG busca alternativas sustentáveis para descarte de cigarros ilegais apreendidos pela Receita Federal

Pesquisa da UFMG busca alternativas sustentáveis para descarte de cigarros ilegais apreendidos pela Receita Federal

Uma destinação sustentável para cigarros ilegais apreendidos pela Receita Federal. É este o objetivo da pesquisa desenvolvida pelo professor Fernando Colen, no campus regional da UFMG em Montes Claros. O docente analisa formas de reaproveitar os subprodutos gerados a partir da incineração do material. A lei determina que esse material seja destruído, o que é feito normalmente por meio da queima. Mas essa prática gera um problema de emissão de gases de efeito estufa.

A Receita Federal apreende, todos os anos, milhões de maços de cigarros ilegais em todo o Brasil. De acordo com a empresa de Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec), a cada 100 cigarros vendidos em Minas Gerais, 38 são ilegais. Em maio de 2024, a UFMG e a Superintendência da Receita Federal firmaram um acordo de cooperação técnica para a destinação sustentável de mercadorias ilegais apreendidas pelo fisco, por meio da reciclagem, recuperação e reutilização desses produtos. Na ocasião, foram destinados cerca de 7.500 cigarros para o campus regional em Montes Claros.

Adubo de cigarro e outros subprodutos

A pesquisa teve início no final de setembro de 2024. De acordo com o professor Fernando Colen, o objetivo é gerar três subprodutos por meio da queima do material: biocarvão, licor pirolenhoso e gases não condensáveis. “O biocarvão tem uma destinação bem variada. Ele pode ser usado para condicionador de solos, produção de organomineral (também para solos). Se for o caso, dependendo da qualidade, pode ser usado ainda para despoluição de água e solo. O licor pirolenhoso é utilizado na indústria de alimentos, na indústria farmacêutica e em Ciências Agrárias. Neste último caso, ele é utilizado como estimulante, como enraizador de plantas, em pesticidas e fungicidas. Os gases não condensáveis, por serem inflamáveis, podem ser aproveitados por meio da energia térmica gerada a partir da sua ignição. Ou seja, podem ser utilizados para aquecimento de água, acionamento de motores e até mesmo para acionamento de outros fornos durante o processo de incineração”, explica o docente.

A pesquisa deve ser concluída até o final de 2026. Segundo Fernando Colen, os estudos se encontram na primeira etapa. “A primeira fase dos estudos é encontrar uma taxa de aquecimento ideal, uma temperatura final ideal para a produção desses subprodutos. Posteriormente, esses materiais vão ser destinados a outros pesquisadores dessas áreas que falei para fazerem testes e verificar a efetividade do uso desses materiais”.

Cooperação técnica

Em maio de 2024, a UFMG e a Superintendência da Receita Federal em Minas Gerais oficializaram acordo de cooperação técnica para a destinação sustentável de mercadorias ilegais apreendidas pelo fisco. O acordo foi assinado pela reitora Sandra Regina Goulart Almeida e pelo superintendente regional do órgão, Michel Lopes Teodoro.

“É uma enorme satisfação, com orgulho imenso desse trabalho feito pela Receita Federal, trabalharmos juntos nesse projeto que tem muito impacto para a nossa sociedade, não apenas para a população mineira, mas de todo o nosso país”, declarou a reitora na ocasião. Ela enfatizou o compromisso social da Universidade, para além da formação de pessoas e o desenvolvimento de pesquisas de ponta, ao contribuir, também, com outra instituição pública. “É para a sociedade que nós trabalhamos”, disse.

Segundo o superintendente da Receita, a instituição gastava grande montante de dinheiro público para incinerar mercadorias apreendidas. “Agora, com essas parcerias que vêm crescendo, nós, como servidores públicos, pegamos o item, usamos todo o conhecimento teórico e prático das instituições parceiras e devolvemos isso para a sociedade”, afirmou.

Foto: Ana Cláudia Mendes
(Texto de Ana Cláudia Mendes I Cedecom UFMG Montes Claros)