Preços na indústria caem 0,82% em julho, influenciados pelo setor de alimentos
Editoria: Estatísticas Econômicas | Caio Belandi
Os preços da indústria caíram 0,82% em julho frente a junho, registrando o sexto mês seguido de queda. É a primeira vez que o Índice de Preços ao Produtor (IPP), divulgado hoje (30) pelo IBGE, apresenta seis recuos consecutivos desde o início da série histórica, em 2014. No acumulado no ano, a queda é de 7,23%, a menor taxa para um mês de julho também desde o início da série histórica. O acumulado de 12 meses também bateu recorde e foi o menor desde o início da pesquisa, ficando em -14,07%.
O resultado de julho mostra a manutenção da tendência recente percebida. Nos últimos 12 meses, em 11 os preços na indústria recuaram na comparação mensal. “Uma das explicações é a queda do dólar. Só este ano, o dólar registra desvalorização de 8,4%. Com isso, o preço em real do produto exportado diminui e, ao mesmo tempo, o custo das matérias-primas que são importadas também fica menor”, explica Murilo Alvim, analista da pesquisa.
Dentre as 24 atividades catalogadas no IPP, 16 tiveram queda de preços de junho para julho. O setor de maior influência foi o de alimentos, que caiu 1,36% e colaborou com -0,33 ponto percentual no resultado geral da indústria. “Além do dólar, há uma tendência de queda em diversas commodities. Com isso, o setor de alimentos apresentou maiores reduções nos grupos de carnes e laticínios, explicadas pela diminuição do custo de aquisição de commodities como o milho e soja, que são os principais componentes da ração para os animais”, detalha Murilo.
Outras duas commodities que têm apresentado quedas ao longo do ano são os óleos brutos de petróleo e os minérios de ferro. “Esses produtos impactam diversos setores da indústria nacional, como o de refino de petróleo e biocombustíveis e o de metalurgia, que têm apresentado quedas correntes e acumuladas na pesquisa”, lembra o analista. Essas commodities, porém, apresentaram alta na passagem de junho para julho e ajuda a explicar o aumento observado nas indústrias extrativas. Os preços de julho desse setor subiram 5,08% ante junho, registrando a maior variação do mês e a terceira maior contribuição (0,22 p.p.). Porém, o acumulado no ano permanece negativo (-1,43%). “O aumento observado nos preços do petróleo em julho está ligado à expectativa do mercado por uma redução global da oferta do produto, após a diminuição de estoque nos EUA e corte na produção de países como Arábia Saudita e Rússia”, afirma Murilo.
Os minérios de ferro também tiveram alta no mês, embora ainda apresentem queda acumulada na comparação com julho de 2022. Segundo o analista, em julho o mercado reagiu com expectativa de aumento de demanda após o lançamento de um plano de incentivo econômico da China voltado à construção. Ainda assim, aproveitando a redução nos custos de aquisição da commodity nos últimos meses, o setor de metalurgia teve queda de 2,59% em relação ao mês anterior, marcando o terceiro resultado negativo consecutivo. Foi a quarta variação mais intensa entre as atividades, assim como a quarta principal influência no resultado geral da indústria (-0,17 p.p. em -0,82%).
Grandes categorias: bens de consumo não duráveis tem maior queda
Todas as grandes categorias econômicas apresentaram queda na passagem de junho para julho. Bens de consumo caiu 1,19%, sendo que a variação de bens de consumo duráveis foi de -0,22%, ao passo que nos bens de consumo semiduráveis e não duráveis (BCND) foi de -1,39%. Já bens intermediários caiu 0,63% enquanto bens de capital teve redução de 0,42%.
No acumulado no ano, a variação das grandes categorias econômicas chegou a -10,84% em bens intermediários, a maior. No caso de bens de capital, ficou em -1,69% enquanto em bens de consumo foi de -2,51% – sendo que bens de consumo duráveis acumulou variação de 1,54%, enquanto bens de consumo semiduráveis e não duráveis, -3,30%.
No acumulado em 12 meses, a variação de preços de bens de capital foi de 0,81% enquanto os preços dos bens intermediários variaram -19,80% neste intervalo. Já a variação em bens de consumo foi de -7,08%, sendo que bens de consumo duráveis apresentou variação de 3,51% e bens de consumo semiduráveis e não duráveis de -9,01%.
Mais sobre a pesquisa
O IPP acompanha a mudança média dos preços de venda recebidos pelos produtores domésticos de bens e serviços, e sua evolução ao longo do tempo, sinalizando as tendências inflacionárias de curto prazo no país. Trata-se de um indicador essencial para o acompanhamento macroeconômico e um valioso instrumento analítico para tomadores de decisão, públicos ou privados.
A pesquisa investiga, em pouco mais de 2.100 empresas, os preços recebidos pelo produtor, isentos de impostos, tarifas e fretes e definidos segundo as práticas comerciais mais usuais. Cerca de 6 mil preços são coletados mensalmente. As tabelas completas do IPP estão disponíveis no Sidra.
A próxima divulgação do IPP, referente a agosto, será em 28 de setembro.