Minas Gerais: Secretaria de Saúde divulga novo levantamento do nível de infestação do Aedes aegypti

Minas Gerais: Secretaria de Saúde divulga novo levantamento do nível de infestação do Aedes aegypti

Dados enviados por 817 municípios apontam que 7,8% ainda estão em situação de risco e 45,7% em situação de alerta para a transmissão de dengue, chikungunya e zika

Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) divulgou, nesta quinta-feira (20/7), os resultados do segundo Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LirAa/LIA) (https://www.saude.mg.gov.br/aedes/painel) de 2023. A pesquisa, realizada junto aos municípios mineiros entre 15/5 e 2/6, é parte da estratégia de monitoramento e controle do mosquito transmissor dos vírus causadores da dengue, chikungunya e zika.

De acordo com os dados enviados à SES-MG por 817 municípios, 380 (46,5%) deles apresentaram o Índice de Infestação Predial pelo Aedes (IIP) igual ou menor que 0,9 e, por isso, receberam a classificação satisfatória, indicando que eles estão em situação de baixo risco de transmissão de arboviroses. Contudo, ainda havia 373 (45,7%) municípios em situação de alerta e 64 (7,8%) permaneciam em situação de maior risco (IIP maior que 4,0) para a transmissão das doenças no período investigado.

O IIP indica o percentual de imóveis que apresentaram recipientes infestados por larvas de Aedes, em relação ao total de imóveis que foram vistoriados pelos agentes de combate a endemias (ACE).

No primeiro LirAa de 2023, realizado no mês de janeiro, dos 828 municípios que realizaram o levantamento, 319 deles (38,6%) estavam em situação de risco para a transmissão da dengue, chikungunya e zika, com IIP igual ou maior que 4. Outros 339 (41%) estavam em alerta e, em apenas 169 (20,4%), o indicador foi classificado como satisfatório, com IIP igual ou menor que 0,9.

Segundo Adriana Coelho Soares, especialista em políticas e gestão da saúde, da Coordenação Estadual de Vigilância das Arboviroses, os dados do LirAa são um indicativo de alerta para os locais com possibilidade mais acentuada de registrar um maior número de casos das arboviroses. “O LirAa é um norteador. Cabem aos gestores de saúde municipais, mais especificamente dos serviços ligados a zoonoses, discutirem, com apoio dos agentes de combate a endemias e agentes comunitários de saúde, os resultados do levantamento e compreender cada um dos índices para propor as ações mais adequadas, a fim de melhor alocar os recursos e mão de obra disponíveis e alcançar resultados mais eficientes”, explica.

Recipientes infestados

O LirAa possibilita identificar também onde o mosquito está procriando, por meio do Índice por Tipo de Recipiente (ITR), que indica o percentual de cada recipiente encontrado com larvas de Aedes aegypti nos imóveis, em relação a todos aqueles encontrados infestados durante as visitas dos agentes de combates a endemias dos municípios.

Em maio deste ano, a maioria (28,4%) dos recipientes infestados pelo Aedes em Minas Gerais foram os depósitos móveis (vasos ou frascos, pratos, bebedouros, materiais em depósitos de construção etc.), seguidos dos depósitos passíveis de remoção/proteção, como lixo, sucata e entulho (19,5%), e dos depósitos utilizados no armazenamento de água para consumo humano ao nível do solo (16,2%), como tonel, tambor, barril, filtro etc. É importante ressaltar que o perfil dos recipientes mais infestados em maio é muito semelhante ao encontrado no levantamento realizado em janeiro de 2023.

“Com a chegada do inverno e o período de seca, parte da população acumula água em reservatórios e é muito importante ficar atenta à vedação desses recipientes, que muitas vezes ficam mal tampados ou mesmo completamente destampados, o que favorece a penetração do mosquito fêmea para a colocação de ovos ali”, alerta a especialista.

Já os tipos de depósitos de água encontrados infestados com menor frequência foram os fixos, como tanques em obras, calhas, lajes, piscinas, ralos (13,9%), os depósitos de água elevados ligados a sistema de captação (9,7%), os pneus e outros materiais rodantes (7,3%), e, por fim, os depósitos naturais, como bromélias, ocos de árvores e rochas (4,6%).

Prevenção

Historicamente, as regiões do estado que sofrem com escassez de água com a chegada do inverno, têm o costume de armazenar água em recipientes ao nível do solo, deixando-os mal vedados ou mesmo sem tampa, permitindo o livre acesso das fêmeas grávidas do Aedes. Como os ovos do Aedes se mantêm viáveis por até mais de um ano, quando os recipientes são preenchidos por água, as larvas eclodem desses ovos e dão continuidade ao ciclo de vida em qualquer estação do ano. Sendo assim, é importante que a comunidade e os agentes de combate a endemias façam um trabalho educacional o ano todo, a fim de evitar a formação de novos criadouros de Aedes aegypti nos imóveis.

“A chave para combater o mosquito é a prevenção e o trabalho conjunto com toda a população, por meio do controle integrado de vetores, que envolve não apenas a remoção mecânica de todo tipo de recipiente que possa acumular água e se tornar criadouro desse vetor, como também a vedação correta com tela ou com tampas próprias das caixas d’água e outros reservatórios que possam se tornar criadouros”, salienta Soares.

Ações contínuas

Aedes aegypti circula durante todo o ano e seu monitoramento e controle ocorrem de forma contínua no estado de Minas Gerais, com intensificação das estratégias de combate no período sazonal das arboviroses, quando aumentam o calor e as chuvas.

Dentre as ações da Secretaria de Estado de Saúde, destacam-se o monitoramento semanal de casos, a elaboração de boletim epidemiológico e o planejamento de solicitação de inseticida, junto ao Ministério da Saúde, para o envio aos municípios, além de reuniões periódicas com as Unidades Regionais de Saúde para discutir e orientar sobre as medidas de prevenção e controle dessas doenças.

Panorama do estado

Com a chegada do inverno, o estado de Minas Gerais sai do período sazonal para as arboviroses, e nota-se uma redução significativa da notificação de casos suspeitos dessas doenças. Ainda assim, o alerta permanece.

Até esta quinta-feira (20/7), foram notificados 394.735 casos de dengue, dos quais 250.604 foram confirmados, sendo 159 óbitos.

Quanto à chikungunya, foram notificados 81.796 casos, com confirmação de 58.348 casos e 32 óbitos.

Já em relação à zika, houve 169 notificações e 28 casos confirmados e não houve óbitos.

Crédito (imagem): SES-MG / Divulgação